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Com combustíveis mais caros, inflação é a maior para fevereiro desde 2016

Aumento dos preços que desencadeou crise na Petrobras chegou ao consumidor: gasolina subiu 7,11% e diesel 5,4%; IPCA fechou o mês em 0,86%

Por Larissa Quintino Atualizado em 13 mar 2021, 02h17 - Publicado em 11 mar 2021, 09h12
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  • A alta nos combustíveis, que desencadeou uma crise na Petrobras — com direito a intervenção do presidente Jair Bolsonaro da empresa — tem seu efeito mais direto mostrado. Os aumentos chegam ao consumidor e pressionam a inflação, e esse efeito começou a ser sentido em fevereiro. Segundo o IBGE, o IPCA acelerou 0,86% em fevereiro, maior resultado para o mês desde 2016 e reverte o arrefecimento visto em janeiro, quando o indicador havia chegado em 0,25%, menor valor em quatro meses. Os dados foram divulgados nesta quinta-feira, 11.  

    Nos últimos 12 meses, a inflação oficial acumula alta de 5,20%, acima dos 4,56% observados nos 12 meses imediatamente anteriores.  A meta prevista para 2021 é de 3,75% ao ano, com margem de 1,5 ponto porcentual para mais ou para menos. A diferença entre o resultado da inflação e a percepção do consumidor está relacionado à cesta de produtos medida pelo IPCA. O índice se refere às famílias com rendimento de um a 40 salários mínimos (44.400 reais mensais) e, a alta dos alimentos e combustíveis acaba pressionando mais as famílias mais pobres.

    Apontada como transitória pelo Banco Central e pelo governo, a pressão inflacionária pode voltar a influenciar as decisões de política monetária neste ano. O Copom, Comitê de Política Monetária, se reúne na próxima semana e há expectativa do mercado financeiro que a Selic suba. Atualmente a taxa básica de juros está em 2%, a menor da história.  A pressão inflacionária continua porque o real continua desvalorizado e há commodities em ciclo de alta.

    Com alta de 7,11%, a gasolina foi, individualmente, o item que mais impactou o índice no mês, com participação de cerca de 42% no resultado final.  “Temos tido aumentos no preço da gasolina, que são dados nas refinarias, mas uma parte deles acaba sendo repassada ao consumidor final. No início de fevereiro, por exemplo, tivemos um aumento de 8%, e depois de mais de 10%. Esses aumentos subsequentes no preço do combustível explicam essa alta”, diz o gerente da pesquisa, Pedro Kislanov. Além da gasolina, os preços do etanol (8,06%), do óleo diesel (5,40%) e do gás veicular (0,69%) também subiram.

    Baseada nos preços do mercado internacional, o movimento dos combustíveis tem influência clara do real desvalorizado e da alta nas commodities. A partir do último trimestre do ano passado, o preço do barril voltou a subir e, como o real passou a valer menos em relação ao dólar, o peso no valor do combustível é ainda maior. Incomodado com os preços, Bolsonaro anunciou que deve zerar os impostos federais sobre o diesel. Enviou um projeto de lei para tabelar o imposto estadual, além, da indicação do general Luna e Silva para o lugar de Roberto Castello Branco no comando da Petrobras. O diesel subiu 5,4% no mês, segundo o IBGE e a alta também afetou outros combustíveis como o gás veicular (0,69%) e o etanol. Com alta de 8,06% no mês, o combustível acelerou pela alta procura, devido aos aumentos da inflação e o período de entressafra da cana.

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    O grupo alimentação e bebidas variou 0,27% em fevereiro, desacelerando pelo terceiro mês consecutivo. A queda nos preços da batata-inglesa (-14,70%), do tomate (-8,55%), do leite longa vida (-3,30%), do óleo de soja (-3,15%) e do arroz (-1,52%) contribuíram para a menor alta na alimentação no domicílio (0,28%). Houve aumento no preço da cebola (15,59%) e das carnes (1,72%). “Essa desaceleração na passagem de janeiro para fevereiro é explicada principalmente por alguns itens que haviam subido bastante ao longo do ano passado, como o óleo de soja e o arroz. Por outro lado, as carnes tinham tido uma ligeira deflação em janeiro, com queda de 0,08%, e agora voltaram a subir”, diz Kislanov.

    Desde 2020, devido a uma atualização na metodologia, os transportes passaram a ter peso maior que o grupo dos alimentos. A pressão inflacionária nos combustíveis, entretanto, pode influenciar no valor dos alimentos, já que o transporte entra na composição do preço cobrados por comerciantes. 

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    Além das commodities e do dólar, que influenciam nos alimentos e combustíveis, os preços administrados também trazem impacto. Em fevereiro, a alta de 2,48% no grupo educação é exemplo disso. O reajuste das mensalidades escolares pesou no bolso. “Verificamos que em alguns casos houve retirada de descontos aplicados ao longo do ano passado no contexto de suspensão das aulas presenciais por conta da pandemia”, explica o pesquisador.

    Apontado como um dos ‘vilões’ para a aceleração no ano passado, o auxílio emergencial deve ser reeditado. Desta vez, terá valores menores (entre 175 reais e 375 reais) e deve impulsionar menos o consumo que no ano passado, servindo mais como camada de proteção aos vulneráveis. O segundo turno da PEC Emergencial, que deve ocorrer nesta quinta-feira na Câmara dos Deputados, autoriza a reedição do benefício.

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