Cade aprova fusão entre Bayer e Monsanto, mas impõe condições
O negócio, avaliado em US$ 66 bilhões quando anunciado em 2016, deve criar a maior companhia de sementes e pesticidas do mundo
A compra da americana Monsanto pela alemã Bayer foi aprovada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) nesta quarta-feira, mas o órgão antitruste brasileiro estabeleceu condições para o negócio, que deve resultar numa combinação das operações das duas empresas.
Quatro dos seis conselheiros do Cade votaram a favor da transação mediante condições propostas pelas companhias, que incluem a já anunciada venda de um pacote de ativos na área de sementes e herbicidas da Bayer para a Basf. Dois conselheiros foram contra a fusão.
Com a aprovação no Brasil, uma potência na produção de grãos e outras commodities agrícolas, Bayer e Monsanto superam um obstáculo crucial para a efetivação da operação, que as empresas inicialmente esperavam ver aprovada até o final de 2017.
O negócio, avaliado em 66 bilhões de dólares quando anunciado em setembro de 2016, deve criar a maior companhia de sementes e pesticidas do mundo.
As empresas ainda aguardam aprovações para a transação em jurisdições que incluem a União Europeia e os Estados Unidos, onde decisões finais sobre o caso ainda estão pendentes.
Mais cedo nesta semana, a Bayer disse em comunicado que propôs soluções para aliviar preocupações das autoridades antitruste europeias. Como parte da proposta, a Bayer aceitou vender seus negócios de sementes e herbicidas para a Basf por 7,24 bilhões de dólares.
No Brasil, a maior parte do Conselho do Cade entendeu que a operação com a Basf foi suficiente para resolver temores apontados por técnicos do órgão em outubro, quando eles recomendaram que o negócio fosse bloqueado ou aprovado sob determinadas condições.
A conselheira Cristiane Alkmin, no entanto, discordou da conclusão do Cade. “O Brasil não pode aprovar uma transação dessas olhando apenas para preocupações globais”, disse ela. “Medidas mirando especificamente a economia brasileira são necessárias.”
Ela argumentou que a companhia resultante da fusão deveria se desfazer de outros ativos, incluindo o negócio de sementes transgênicas RR2Pro Intacta, da Monsanto, assim como alguns negócios de fungicidas não incluídos no acordo da Bayer com a Basf.