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Brasileira em Belarus relata clima de apreensão com confronto na Ucrânia

Na fronteira com a Rússia e a Ucrânia, país vive corrida a bancos e a supermercados, além do encarecimento das passagens aéreas

Por Felipe Mendes Atualizado em 7 mar 2022, 10h24 - Publicado em 3 mar 2022, 07h08

A estudante brasileira Júlia Boechat desembarcou em Belarus em plena pandemia de Covid-19. Optou pelo país após concluir seu mestrado em história global, na Itália, em 2020, com o intuito de aprimorar seus conhecimentos em russo. Seu objetivo era, posteriormente, desembarcar na Rússia — ela não esperava, no entanto, que uma guerra seria deflagrada na região, e está tentando deixar o país. “Eu tinha uma bolsa de estudos do DAAD (organização alemã de intercâmbio) para passar alguns meses pesquisando em artigos científicos. Mas, por conta da guerra, isso foi cancelado e eu estou tentando decidir ainda o que fazer”, diz ela, que estuda na Universidade Federal Linguística de Minsk.

Boechat conta que está passando por dificuldades para conseguir deixar o país e que o clima de apreensão com as sanções impostas à Rússia tomou conta dos residentes do país após a invasão da Ucrânia — as duas nações fazem fronteira com Belarus. As restrições ao espaço aéreo do país começaram a afetar o preço das passagens aéreas, já que a oferta, nesses casos, costuma diminuir e o tempo de viagem fica maior, o que demanda um uso maior de combustível pela aeronave. Ela relata que uma passagem para a Turquia, por exemplo, custava 100 euros na última semana, mas hoje já chega a ser encontrada por valores sete vezes mais altos.

“Desde domingo, eu sinto que há um pânico no país. Eu cheguei a comprar cinco passagens para sair de Belarus e uma atrás da outra foi cancelada”, afirma. “O povo da universidade está tentando sair também. Vários tentam comprar passagem para Geórgia, Turquia e Cazaquistão. Mas, os poucos voos que conseguem decolar, estão demorando cerca de seis horas para chegar ao destino, quando o normal seria levar duas horas.”

A brasileira Julia Boechat
A brasileira Júlia Boechat em frente à Igreja da Santíssima Trindade, em Minsk, Belarus (-/Arquivo pessoal)

Ela afirma que tentou comprar passagens aéreas para Armênia, Azerbaijão, Geórgia e Turquia. Todas as tentativas, no entanto, foram em vão. Agora, a estudante diz que sairá por vias terrestres, por meio de um ônibus que partirá nesta quinta-feira, 3, com destino à Lituânia. “Os ônibus estão chegando. O problema é que fica parado por horas na fronteira”, afirma.

Segundo ela, desde domingo, há uma corrida a bancos e supermercados. Nos bancos, a procura é por dólar e euro, já que a moeda local, o rublo bielorrusso, tem se desvalorizado na esteira da perda de valor do rublo russo. Nos supermercados, a busca é por itens de alimentação. “Eu tenho amigas que decidiram ir ao supermercado para comprar comida que dure, pelo menos, dois meses”, relata. “Nos primeiros dias, o povo correu e comprou todo o dólar e o euro que achou. O valor dessas moedas subiram muito aqui, mas isso ainda não se refletiu em preços mais altos no supermercado.”

Apesar dos conflitos militares que acontecem no país vizinho, no entanto, há um certo clima de ‘normalidade’ nas ruas de Minsk. “O que eu vejo que já está afetando o povo normal é que há muita empresa estrangeira fechando, principalmente bancos”, conta ela. “Há também o receio de que derrubem as redes sociais.”

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