Brasil e Japão são os únicos entre 19 países que esperam alta de juros
Banco Central brasileiro se reúne na próxima semana para decidir o novo nível da taxa Selic, a aposta é de aumento
O Brasil é o único país, ao lado do Japão, onde a expectativa é que a taxa básica de juros suba ao longo do próximo ano, quando considerada uma lista com 19 das principais economias do mundo. É o que mostra um levantamento feito pelo economista-chefe da AZ Quest, Alexandre Manoel, que foi secretário do Ministério da Fazenda e da Economia entre 2016 e 2020.
Em todas os outros países, as projeções são de queda para a taxa básica ao longo dos próximos 12 meses, conforme os resquícios dos grandes choques de preços deixados pela pandemia voltam à normalidade e deixam o espaço aberto para o afrouxamento monetário (veja a tabela completa ao fim).
Os dados, levantados em 6 de setembro, consideram os juros esperados pelo mercado 12 meses à frente, por meio das taxas de juros futuros. O mercado brasileiro apontava para juros de 12,26% em um ano, aumento de 1,76 ponto percentual em relação ao nível atual da Selic, que está em 10,5%. No Japão, havia uma aumento precificado de 0,2 ponto, do nível atual de 0,25% para 0,46%.
Depois de passar anos com sua taxa de juros a zero – ou mesmo abaixo disso – e ter se mantido como um dos poucos grandes países do mundo que não subiram os juros ao longo de todo o período de crise inflacionária global do pós-pandemia, o Japão voltou a subir suas taxas em março deste ano e, depois, em julho. Foram os primeiros aumentos desde 2007, e um movimento que fez com que o banco central japonês se tornasse, oficialmente, o último de todo o mundo a deixar de praticar taxas de juros negativas, numa tentativa de começar a trazer sua política monetária de volta à normalidade.
No caso do Brasil, o país ficou na contramão do restante do mundo em meio ao medo de que a inflação volte a subir com uma economia que está muito aquecida e também uma taxa de câmbio que se apreciou muito ao longo do ano, o que, com o dólar mais caro, também pesa sobre os preços internos. Também pesa sobre o país os efeitos de uma situação fiscal problemática: o governo tem falhado em tirar as contas públicas do vermelho e a dívida, que já está entre as maiores do mundo emergente quando considerada em proporção ao PIB, segue crescendo.
“A economia brasileira está crescendo acima do potencial”, disse Manoel, da AZ Quest. “As expectativas de inflação estão desancoradas, e o governo não tem credibilidade fiscal para gerar confiança de que o limite de despesa prometido será respeitado.” A diretoria do Banco Central se reúne na próxima semana e anuncia na quarta-feira, 18, a sua decisão sobre a taxa Selic.
Veja a seguir a tabela completa com as taxas de juros esperadas em cada país: