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Bolsa e dólar devem enfrentar mais volatilidade antes de eleição nos EUA

Investidores especulam potenciais efeitos de vitória de Trump ou Kamala sobre os ativos financeiros

Por Juliana Machado Atualizado em 4 nov 2024, 11h40 - Publicado em 4 nov 2024, 10h22

Os mercados globais começam a semana envoltos em um dos principais assuntos para os próximos meses: as eleições americanas, que acontecem nesta terça-feira, 5. Tanto o câmbio quanto a bolsa de valores devem enfrentar mais turbulência, em meio às apostas de quem será o vencedor do pleito — e, principalmente, de qual será a agenda econômica e política dos próximos quatro anos na maior economia do mundo.

Na última sexta-feira, dia 1º, o real teve uma desvalorização de 1,4% em relação ao dólar, com a cotação da moeda americana chegando a R$ 5,8698, maior nível desde 2020. Já o Ibovespa encerrou a sexta com queda de 1,2%, ao menor nível em cerca de dois meses. Os contratos de juros futuros, por sua vez, bateram novas máximas desde 2023.

O cenário acompanha alguns possíveis desdobramentos para o Brasil a partir da vitória do republicano Donald Trump, que ganhou força nas pesquisas eleitorais da última semana e se aproximou da liderança da candidata democrata, Kamala Harris.

Embora os dois candidatos tenham uma agenda que, em alguns pontos, podem privilegiar ativos americanos em detrimento de outros mercados, a leitura geral é de que um eventual governo Trump, mais incisivo em medidas protecionistas, pode gerar impactos mais expressivos nos mercados e na atividade.

Entre os principais efeitos especulados estão medidas como cortes de impostos e políticas de tarifas mais agressivas, sobretudo contra a China. Há, ainda, um risco em relação aos gastos do próprio governo, com efeitos fiscais relevantes e possível aumento do déficit orçamentário.

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Em linhas gerais, só esse “pacote” teria um efeito inflacionário para a atividade americana. Com cortes de impostos, há maior propensão ao consumo, o que faz com que os preços subam. Já políticas tarifárias mais agressivas podem ter impacto nas importações de produtos, gerando um protecionismo que aumentaria a concorrência local e, com ela, os preços. Por fim, políticas de gastos mais expansivas significa mais dinheiro injetado na economia, o que também pode fazer com que os preços subam.

Em resumo, o que se vê é um potencial enorme de que o ciclo de corte de juros iniciado pelo Federal Reserve (Fed), o banco central americano, tenha que ser revertido para conter a disparada de preços da economia. Para o Brasil, isso também tem um significado: mais dificuldade de controlar os preços internos e também uma potencial necessidade de mais altas da taxa Selic — em um contexto em que a política monetária local já está em ritmo restritivo.

Por ora, especialistas lembram que é cedo para tentar acertar quais serão de fato as medidas a serem tomadas pelos candidatos uma vez que saiam vencedores. E também alertam que é importante considerar que, mesmo em um eventual governo de Kamala Harris, a agenda não será totalmente oposta ao que se imagina para Trump, visto que são esperados, por exemplo, aumentos de gastos no país. O que se pode com certeza esperar até a definição é mais volatilidade para os ativos locais e estrangeiros.

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