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As bicicletas elétricas se multiplicam no Brasil

De modelos dobráveis a mountain bikes, há boas novidades — mas o preço é ainda de tirar o fôlego

Por Erich Mafra
Atualizado em 4 jun 2024, 15h47 - Publicado em 13 set 2019, 06h30

Quando as baterias modernas passaram a ser acopladas ao quadro das bicicletas, elas viraram uma opção ainda mais interessante dentro da trilha ecologicamente correta para driblar os graves problemas de mobilidade nas grandes cidades, sobretudo nas metrópoles com topografia irregular, cheias de ladeiras que exigem fôlego de ciclista profissional para ser vencidas. Mas o negócio precisou de muita pedalada para engrenar. Surgidas na década de 90, as primeiras e-bikes, como esses veículos são chamados, tinham preços superproibitivos, eram pesadas demais, sem nenhum charme no design. Nos últimos anos, com o aumento da popularidade do produto, os preços começaram a cair e os fabricantes diversificaram as opções. Somente no Brasil apareceram mais de vinte novos modelos desde 2018, entre nacionais e importados. As alter­nativas vão de bicicletas dobráveis a mountain bikes (veja o quadro). “Muita gente está revendo o estilo de vida após perceber a quantidade de tempo que se perde encalhado no trânsito”, diz João Magalhães, organizador do Shimano Fest, o maior evento especializado no mercado de ciclismo do país. “As e-bikes crescem na esteira dessa mudança de comportamento.”

Um passo fundamental para a evolução do negócio foi o surgimento de baterias e de motores menores. No caso dos propulsores elétricos, os antigos chegavam a pesar mais de 4 quilos. Os atuais têm quase metade do tamanho. Algumas marcas brasileiras se aproveitaram disso para lançar recentemente e-bikes compactas. Fabricante do Rio de Janeiro, a Lev colocou no mercado a D, que é dobrável e possui uma bateria com 30 quilômetros de autonomia. Pode ser recarregada em uma tomada simples. A operação leva de cinco a seis horas. Sua principal concorrente no país, a S, da Skape, outra bicicleta dobrável, tem um dispositivo especial que pode ser acionado em subidas mais íngremes, dando um impulso extra ao ciclista.

O desenvolvimento da tecnologia levou os mesmos avanços para outros modelos, além daqueles dedicados ao uso urbano. Uma das ondas do momento são as mountain bikes elétricas. Nesse caso, o motor é utilizado para acrescentar adrenalina à brincadeira off-road. Exemplo da tendência é a brasileira Scalator, que começou a ser vendida no início de 2019. É uma das e-bikes mais caras do Brasil (custa 12 890 reais) e chega a atingir 40 quilômetros por hora. “Elas estão fazendo com a mobilidade o que a guitarra elétrica fez com o rock: chegaram para amplificar as possibilidades”, compara Luciano “KDra” Lancellotti, instrutor e ciclista profissional. Em sua atividade, ele percorre trilhas e dá dicas a seus pupilos na Serra da Cantareira, em São Paulo. “Consigo hoje praticar e dar aulas por nove horas, coisa que seria impossível apenas usando a força das minhas pernas”, conta.

A multiplicação de e-bikes no Brasil também abriu novos mercados para esse produto. Alguns entregadores de aplicativos como Rappi e Uber Eats andam investindo nesses equipamentos para conseguir percorrer longas distâncias e, consequentemente, efetuar mais entregas. A Polícia Militar de São Paulo também começou a usar veículos desse tipo em rondas pela capital, depois de receber, em julho, uma doação de 75 veículos feita pelo Grupo Iguatemi. Outros 125 serão incorporados à frota até o fim do ano. No total, o presente custou cerca de 800 000 reais.

No exterior, o mercado de e-bikes está em um estágio ainda mais acelerado. Nos Estados Unidos, até a lendária fabricante de motos Harley-­Davidson colocou esse produto na sua rota. Em março, a companhia adqui­riu a StaCyc, Inc., especializada em e-bikes para crianças. Além de manter essa linha de montagem, a Harley anunciou que trabalha em protótipos para o público adulto. Na Europa, cerca de 40% da frota de bicicletas já é formada por e-bikes. No Brasil, a fatia é de 1%. Segundo o levantamento mais recente da Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares (Abraciclo), a produção atual dessa modalidade de bikes no país é de aproximadamente 500 unidades por mês. Ainda que os preços tenham caído desde a década de 90, não é possível encontrar hoje, por aqui, nenhum modelo bom por menos de 3 990 reais. Mesmo os nacionais levam componentes importados, como as baterias de lítio, que encarecem o produto final.

Mas a entrada de grandes empresas no jogo, com produção em larga escala, pode ajudar a baratear o negócio. Maior fabricante de bicicletas do país, a Caloi possui hoje três e-bikes. A mais recente da linha, lançada em julho, a E-Vibe Easy Rider, custa 5 000 reais. “Estamos trabalhando para tentar lançar unidades com valores a partir de 2 900 reais nos próximos anos”, afirma Cyro Gazola, presidente da companhia. A startup Vela monta sob encomenda dois modelos, a Vela 1 (5 890 reais) e a Vela S (5 790 reais). Agora, investe na construção de uma fábrica para multiplicar por dez o atual volume de produção, de modo a chegar à marca de 500 e-bikes por mês. Assim, de pedalada em pedalada, o mercado brasileiro de bicicletas vai ficando cada vez mais elétrico.

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NOVA BATERIA DE OPÇÕES

As características dos produtos que chegaram há pouco tempo ao país


Lev-E-Bike-D
(./.)

Passeios mais longos
Compacta, a D conta com uma bateria que promete autonomia de até 30 km.
Valor: 5 690 reais


Bike-Vela
(./.)

Pegada urbana
A Vela S possui uma entrada USB para celulares e pneus reforçados.
Valor: 5 790 reais

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bicicleta-eletrica-dobravel-skape-s
(./.)

Pequena versátil
A Skape S é dobrável e tem dispositivo de arranque para subidas íngremes.
Valor: 5 990 reais


General-Wings
(./.)

Campeã em velocidade
A Scalator consegue atingir 40 km/h e vai bem em vários tipos de terreno.
Valor: 12 890 reais

 

Publicado em VEJA de 18 de setembro de 2019, edição nº 2652

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