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BC aumenta taxa básica de juros em 0,25 ponto porcentual

Com a decisão, a taxa Selic passa a 12% ao ano. O anúncio ficou aquém da expectativa dos economistas, que apostavam em 0,5 p.p

Por Benedito Sverberi e Derick Almeida
20 abr 2011, 20h31

Decisão confirma estratégia do BC de não apostar apenas nos juros para controlar a inflação, apoiando-se também nas chamadas medidas macroprudenciais

O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) aumentou para 12% a taxa básica de juros da economia (Selic) nesta quarta-feira. O aumento de 0,25 ponto porcentual (p.p.) ficou aquém das expectativas dos economistas ouvidos pelo site de VEJA, que previam aumento de 0,5 ponto porcentual. A medida representou uma redução no ritmo de alta dos juros em um momento em que a inflação acelera. Nas primeiras duas reuniões do governo Dilma, em 19 de janeiro e em 2 de março, o Copom havia decidido por uma elevação de 0,5 ponto porcentual.

Fim do consenso – A decisão desta quarta-feira também marca o fim do consenso dentro do comitê neste governo. Nos dois primeiros encontros, todos os sete diretores que votam a Selic quiseram um acréscimo de 0,5 ponto porcentual. Desta vez, a decisão, sem viés, não foi consensual. Dois diretores foram contra a alternativa de 0,25 p.p. e optaram pelos mesmos 0,50 ponto porcentual.

Para os economistas ouvidos pelo site de VEJA, esta alta de 0,25 p.p. nem é tão surpreendente, pois o Banco Central – em seus instrumentos de comunicação com o mercado, a saber, as atas das reuniões do Copom e o Relatório de Inflação – já demonstrava sua aposta numa política monetária um pouco menos focada em juros, com maior peso para as chamadas medidas macroprudenciais (como as altas dos compulsórios e do IOF nas operações de crédito). Eles alertam, contudo, que esta opção é muito arriscada e o país pode sofrer ainda mais para controlar a inflação.

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Cenário: Política econômica atravessa crise de credibilidade

A decisão desta quarta-feira, de certa forma, ‘coroa’ esta nova fase do BC, dizem os economistas. Marcelo Fonseca, economista da gestora de recursos M. Safra, explica que, ao tomar essa atitude, a autoridade monetária opõe-se explicitamente à visão do mercado, de que a inflação é excessivamente preocupante e requer juros cada vez mais altos. “O Banco Central não é de forma alguma obrigado a apoiar o cenário do mercado. Por diversas vezes, inclusive, ele divergiu do que pensavam os economistas”, destaca.

Essa postura do BC tem relação ainda com a preocupação – partilhada com o Ministério da Fazenda e a própria Presidência da República – de que subir juros fortemente neste momento agravaria outro problema da economia brasileira: a enxurrada de dólares na economia. O ponto-chave, no entanto, são os riscos envolvidos nesta escolha de não subir tanto a Selic para assim tentar evitar uma valorização mais acentuada do real. “A idéia não é despropositada, mas, de fato, embute muitos riscos. Eu pessoalmente acho preferível o câmbio valorizar do que deixar a inflação estourar”, afirma.

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Um longo ciclo de ajuste – Em comunicado divulgado nesta quarta-feira, o BC deixa antever que o ciclo de alta dos juros pode estar longe do fim. “Considerando o balanço de riscos para a inflação, o ritmo ainda incerto de moderação da atividade doméstica, bem como a complexidade que ora envolve o ambiente internacional, o Comitê entende que, neste momento, a implementação de ajustes das condições monetárias por um período suficientemente prolongado é a estratégia mais adequada para garantir a convergência da inflação para a meta em 2012”, destacou o Copom no documento.

O economista Sergio Vale, da MB Associados, bastante descontente com a decisão, acredita que esta ação neste momento – muito tímida em sua avaliação – vai requerer um ‘remédio amargo’ no futuro. “Com base nos sinais que a economia nos dá, esse modo acanhado de agir do BC dificilmente será suficiente para controlar a inflação. O problema é que, ao agir deste modo hoje, ele terá de subir os juros mais fortemente em outro momento. Mesmo assim, será difícil trazer a inflação para meta nos próximos quatro anos”, destacou.

O analista Marcelo Fonseca, da gestora de recurso M. Safra, também mostra preocupação. Segundo ele, há diversos aspectos preocupantes no horizonte que recomendariam uma severidade maior à política monetária. “A criação de empregos nos últimos dois meses no Brasil foi muito forte, por exemplo. As commodities, apesar de tudo o que se passou no mundo, com ameaça de uma nova crise na Europa e o terremoto no Japão, ainda estão próximas das máximas históricas. Em resumo, vejo pressões inflacionárias adicionais para os próximos meses, e não acomodação”, avalia.

Tema em foco: Inflação

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