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Banco central americano segue o script e mantém a taxa de juros inalterada

O Fed manteve os juros no intervalo entre 4,25% e 4,5% alegando que " a incerteza em torno das perspectivas econômicas aumentou"

Por Luana Zanobia Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 7 Maio 2025, 15h18 - Publicado em 7 Maio 2025, 15h14

O banco central americano, o Federal Reserve (Fed), cumpriu o script esperado nesta semana: o Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) decidiu, de forma unânime, manter a taxa de juros no intervalo entre 4,25% e 4,5%, patamar em vigor desde janeiro. 

“A incerteza em torno das perspectivas econômicas aumentou ainda mais”, alertou o texto. O Comitê enfatizou que está atento aos riscos que ameaçam tanto a estabilidade de preços quanto o mercado de trabalho, reconhecendo que os perigos de uma inflação persistente e de um desaquecimento do emprego se intensificaram nos últimos meses.

As decisões do banco tornaram-se cada vez mais espinhosas em meio à crescente imprevisibilidade da política econômica conduzida pelo presidente Donald Trump. Em sua cruzada por reindustrializar os Estados Unidos, Trump impôs tarifas sobre aliados estratégicos, injetando incerteza nos mercados e complicando o trabalho dos formuladores de política monetária. Para piorar, os ataques verbais ao Fed viraram rotina. Trump acusa o presidente do Fed, Jerome Powell, e seus colegas de manterem os juros altos, alegando que isso sufoca o crescimento econômico do país.

O Fed tem um mandato dual: manter a inflação sob controle e garantir o máximo emprego sustentável. A inflação ao consumidor, embora em rota de desaceleração, continua acima da meta de 2%, com o núcleo inflacionário — que exclui alimentos e energia — ainda teimosamente elevado.  No mercado de trabalho, por outro lado, os sinais continuam robustos. Em abril, a economia criou 177 mil postos de trabalho — acima das expectativas — e a taxa de desemprego permanece baixa. Mesmo com um crescimento mais lento, o mercado de trabalho americano ainda mostra fôlego.

Mas os fundamentos começam a se deteriorar. O PIB encolheu 0,3% no primeiro trimestre, em ritmo anualizado. A contração foi atribuída, em grande parte, a um aumento anômalo nas importações antes da entrada em vigor das tarifas anunciadas recíprocas — uma tentativa das empresas de se antecipar aos aumentos de custos.

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A economia começa a dar sinais de que a guerra comercial de Trump pode atingir justamente as variáveis que o Fed busca preservar. Tarifas encarecem produtos, comprimem margens empresariais, reduzem a demanda por trabalho e colocam pressão sobre os preços — um coquetel potencialmente tóxico para a política monetária.

Diante desse impasse, o mantra de Powell e seus colegas permanece o mesmo: paciência. Essa espera estratégica serve tanto como escudo técnico quanto como gesto político. Ao não reagir imediatamente aos caprichos da Casa Branca, o Fed tenta reafirmar sua autonomia institucional. Mas os mercados não compartilham da mesma paciência. As apostas de que o banco central iniciará cortes de juros já em julho vêm ganhando força, refletindo tanto o enfraquecimento dos indicadores quanto a crença de que Powell, no fim das contas, terá de ceder às pressões, mesmo que a contragosto.

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