Azzas 2154: A complexa união de estrelas da moda brasileira
Com mais de vinte marcas e 12 milhões de clientes, empresa enfrenta o desafio de integrar operações sem perder a identidade de cada grife
Com pouco mais de um ano de existência, o Azzas 2154 já se consolidou como a maior força do setor de moda, calçados e acessórios do Brasil. Formada pela união da Arezzo&Co com o Grupo Soma, a empresa reúne um portfólio de marcas como Arezzo e Schutz (calçados), Reserva (vestuário masculino), Hering (moda básica), além de Farm Rio e Animale no segmento premium.
O poderio dessa união se traduz em números: mais de vinte marcas, 22 000 funcionários e cerca de 12 milhões de clientes ativos, especialmente das classes A e B. A empresa lidera nos quatro canais em que atua — multimarcas, multinacional, franquias e comércio eletrônico. Em 2024, faturou 4,6 bilhões de reais e obteve um lucro de quase 342 milhões. A Farm, “estrela” do grupo, vem impulsionando o ganho de receita e ampliando espaço fora do Brasil. No segundo trimestre de 2025, a unidade teve um crescimento de 25% em dólares no mercado internacional.
Se a força está nos números e na diversidade de marcas, o desafio é fazer esse casamento funcionar. A primeira missão do acionista e presidente Alexandre Birman é integrar áreas como financeira, logística e sistemas. “Iniciamos em agosto um trabalho de melhoria das trocas internas entre os canais. Há um enorme potencial a ser explorado”, afirma Birman. A expectativa é concluir esse processo até agosto de 2026. Mas tudo isso deve ser feito sem perder a essência de cada marca. Birman considera que elas nunca serão integradas e que isso não está no horizonte. “Elas têm total autonomia e blindagem para que possam se manter diferenciadas e fiéis às suas identidades.”
Para Alberto Serrentino, fundador da consultoria especializada Varese Retail, equilibrar o que deve ser unificado e o que deve ser preservado é a grande questão do grupo. Gerenciar um negócio de marcas de moda premium em escala, segundo ele, não é trivial. O primeiro ano ilustrou essa complexidade com a saída de nomes importantes da cúpula administrativa, como Rony Meisler, fundador da Reserva, e Thiago Hering, herdeiro da Hering — movimentos lidos pelo mercado como sinais da dificuldade de integrar diferentes culturas. Marcas como Dzarm, Alme e Reversa foram descontinuadas na busca de Birman por mais rentabilidade.
Serrentino ressalta ainda que o grupo precisa saber como capturar mais valor do cliente em cada segmento. Embora o setor venha de um 2024 positivo, impulsionado por um inverno mais longo, os obstáculos persistem. “É um setor de consumo discricionário, que depende muito de renda, confiança e, no Brasil, de crédito — juros altos pesam muito”, afirma o consultor.
Para Birman, a preocupação é garantir boa integração logística e fortalecer a fabricação local. Embora mais de 95% dos calçados e 70% dos têxteis sejam feitos no Brasil, ele avalia que a indústria nacional não evoluiu no mesmo ritmo das de outros países, cabendo ao grupo a missão de fomentar sua evolução, formar mão de obra e desenvolver fornecedores. Agora, os investimentos seguem concentrados no que o Azzas 2154 tem de mais valioso: suas marcas e equipes, com aporte contínuo em tecnologia. A expansão internacional da Farm também é uma prioridade. “Temos um grupo recém-formado, mas com imensa capacidade de geração de valor a longo prazo”, diz Birman. A história está apenas no começo.
Publicado em VEJA, outubro de 2025, edição VEJA Negócios nº 19
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