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Atuação de Durigan no campo econômico inclui pitacos sobre papel do BC

Durigan foi chefe de política pública para o WhatsApp no Brasil e não possui histórico como economista

Por Pedro Gil Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 9 Maio 2023, 01h16 - Publicado em 8 Maio 2023, 16h25

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou nesta segunda-feira, 8, o nome de Dario Durigan como novo secretário-executivo da pasta, no lugar de Gabriel Galípolo, que será o novo diretor de política monetária do Banco Central.

Durigan é advogado formado pela Universidade de São Paulo (USP) e já atuou com Haddad quando o petista foi prefeito de São Paulo. Entre setembro de 2011 e outubro de 2015, atuou como assessor da subchefia para assuntos jurídicos da Casa Civil. Depois ficou mais de um ano no posto de assessor especial do prefeito. Ele também foi coordenador de projetos do Departamento de Gestão Estratégica da Advocacia-Geral da União (AGU). Desde 2020, Durigan é chefe de políticas públicas do WhatsApp no Brasil.

Ao contrário de Galípolo, economista de formação e experenciado no mercado financeiro, Durigan possui pouca experiência na área. Ele é autor de um livro sobre regulação e concorrência no setor bancário, que discute sobre a quem compete a aprovação de atos de concentração envolvendo instituições financeiras: se ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica ou ao Banco Central do Brasil.

Durigan é mestre em Direito pela Universidade de Brasília. Sua tese de conclusão de curso foi sobre “desobediência democrática”, com dois estudos de caso: a ocupação de escolas públicas por estudantes secundaristas e a paralisação de rodovias por caminhoneiros autônomos. Ele também aparece como sócio em um empreendimento como produtor rural.

Como diretor do WhatsApp, Durigan atuou na discussão acerca da regulamentação dos aplicativos de mensagem no país. Em 2020, ainda no início das discussões do papel desses aplicativos, ele reconheceu o papel do Congresso e do STF na vedação de disparos de fake news em massa e na elaboração de mecanismos de colaboração com a Justiça que fossem proporcionais no combate à desinformação profissional. “Por outro lado, nos posicionamos muito fortemente contra a proposta de rastreabilidade, porque ela não funciona para endereçar o que se propõe. É desproporcional, porque o WhatsApp teria que fazer uma marcação de todas as mensagens trocadas. São 100 bilhões de mensagens trocadas por dia, que deveriam ser marcadas e guardadas em backup. É algo sem precedentes”, afirmou em entrevista.

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Há duas semanas, o Telegram, concorrente do WhatsApp, chegou a ser suspenso no Brasil por não entregar à Polícia Federal dados sobre grupos neonazistas da plataforma.

Galípolo x Banco Central

Por sua vez, a ida de Galípolo ao Banco Central aumentou a fervura entre o governo e a instituição. “Claramente a indicação é para fazer um contraponto à atual gestão”, afirmou Marco de Marchi, economista-chefe Oriz Partners. “Galípolo já presidiu instituição financeira e sabe da importância de decisões serem feitas em bases técnicas, mas dado o seu histórico mais ligado à linha desenvolvimentista de pensamento econômico, suas decisões tenderão a ter um foco maior na atividade econômica do que um peso maior no combate à inflação”, completou.

A curva de juros está reagindo à indicação de Galípolo com a precificação de cortes da Selic no curto prazo e mais prêmio (elevação) nos vértices mais longos, uma vez que o indicado terá uma voz importante dentro do colegiado defendendo a redução da taxa com uma maior probabilidade de que o combate à inflação ao longo dos próximos anos não seja tão enfático como tem sido. “Por mais capacitado que ele seja, é óbvio de que há um viés do governo de forçar a barra por menores juros. É o que o mercado espera. Mas a decisão do BC é colegiada, e tem sido unânime. Uma pessoa a mais, hoje, não faz tanta diferença. Não será voto de minerva. Ele estando lá dentro talvez ajude o Governo a entender o patamar da Selic”, disse Rodrigo Marcatti, economista e CEO da Veedha Investimentos.

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