A sinergia das propostas de Ciro e Tebet com o plano estudado pelo PT
Soluções para combater o endividamento das famílias, investimentos em saúde e educação e ampliação do Auxílio Brasil estão entre os projetos entregues ao PT
Ao aglutinar apoios de diferentes candidaturas à Presidência, o Partido dos Trabalhadores (PT) recebeu como contrapartida alguns tópicos a ser seguidos caso Luiz Inácio Lula da Silva derrote Jair Bolsonaro (PL) nas urnas, no próximo dia 30. Antes mesmo do primeiro turno, o então candidato pelo Avante, André Janones, reuniu-se com Lula e condicionou seu apoio à manutenção do Auxílio Brasil em 600 reais mensais, com a inclusão de todas as famílias do CadÚnico e o pagamento duplo para mães solteiras no programa. Depois do segundo turno, Ciro Gomes (PDT) ressaltou a importância de sua proposta de renda mínima, com oito faixas e pagamento médio de 1.011,69 reais a 24,2 milhões de famílias. Na mesma linha, Simone Tebet (MDB) pediu empenho para o endividamento das famílias que ganham até três salários mínimos mensais e que se dê vazão a uma lei que iguale salários entre homens e mulheres com currículos equivalentes, um projeto que hoje está parado na Câmara.
O assessor econômico do PT, Guilherme Mello, afirma que as propostas são equivalentes ao plano de governo que vem sendo trabalhado pelo partido. Como mostra VEJA desta semana, o silêncio de Lula sobre a economia inquieta o mercado na reta final da campanha. “As propostas que as campanhas da Tebet e do Ciro trouxeram são totalmente alinhadas com o que nós estamos discutindo. Tem toda uma discussão de renegociação das dívidas das famílias, tanto por parte da Tebet quanto por parte do Ciro, que nós também temos”, afirma ele. “Há também uma discussão sobre educação integral que já estava como um dos nossos objetivos e que nós incorporamos completamente. Nós também estamos trabalhando com uma ideia de aumento no valor do Auxílio [Brasil], de melhoria no desenho da política social. Então, tem absoluta compatibilidade.”
O intuito do partido, revela Mello, é manter contato com as equipes de Ciro e de Tebet para aprimorar as políticas a ser conduzidas pelo próximo governo, em caso de vitória de Lula nas urnas. “Nós vamos continuar conversando com as equipes deles para conseguir melhorar o desenho das nossas políticas. A incorporação é algo real, as nossas preocupações são as mesmas”, reitera o economista. Outro membro da equipe econômica da legenda disse que as propostas incorporadas vão “na mesma direção do programa de governo do PT” e classifica o esforço como “um processo de construção de diálogo e consenso”. Ele destaca, ainda, que para os programas de transferência de renda apresentados por Ciro e Tebet é “preciso ver o tamanho que cabe, mas existe bastante convergência na sociedade sobre a importância disso”.