As projeções da taxa de juros no Brasil em 2024, segundo o Itaú
Banco acredita que Selic irá terminar o ano a 9,25%, em vez de 9%, puxada pelos juros dos EUA, que também demorarão mais a cair
Em uma revisão das projeções para a economia global e brasileira, o Itaú BBA passou a ver queda de juros mais tardia, mais lenta e mais fraca para os Estados Unidos e para a Europa, o que vai resultar em taxas finais ligeiramente mais altas do que o esperado anteriormente para as duas regiões.
Isto interfere no espaço do Banco Central brasileiro para baixar a taxa de juros local, e também levou a uma revisão para cima para a Selic em 2024: de 9%, no cenário anterior, para 9,25%, na projeção atualizada. Por outro lado, o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro também deve encerrar o ano mais alto do que o esperado. A estimativa do banco foi elevada de 1,8% para 2%.
O incremento no crescimento econômico reflete a “melhora na perspectiva para o crédito ao consumidor e o mercado de trabalho resiliente”, de acordo com relatório a clientes divulgado pelo banco nesta semana.
A equipe de economistas do banco, que é chefiada pelo ex-diretor do Banco Central Mario Mesquita, é uma das primeiras a falar em uma Selic que pode não cair tanto quanto o vinha sendo esperado, e que pode terminar acima dos 9%. Atualmente, o consenso do mercado, captado semanalmente pelo Boletim Focus do Banco Central, é de que a Selic encerre 2024 a 9%, e esta média está estável há onze semanas.
Na próxima quarta-feira, 20, os bancos centrais do Brasil e dos Estados Unidos decidem qual será a nova taxa de juros de seus países. Atualmente, a Selic está em 11,25% ao ano.
“Os dados de atividade e inflação [dos Estados Unidos] mais fortes de janeiro colocaram dúvidas sobre a desaceleração e desinflação”, e “o discurso predominante do Fed mudou, na direção de um ciclo de normalização mais cauteloso”, afirma o relatório.
Com isso, a expectativa agora é que o Federal Reserve, o banco central norte-americano, inicie os cortes da taxa que indexa os títulos do país na reunião de junho, em vez de maio, que faça três cortes neste ano, ante quatro esperados anteriormente, e que os juros terminem 2024 na banda dos 4,6%, em vez de 4,4%. Atualmente, os juros norte-americanos estão entre 5,25% e 5,5%, com o Fed resistindo em começar a cortá-los enquanto inflação e mercado de trabalho seguem mostrando uma economia ainda aquecida nos Estados Unidos.
No caso da Europa, “a inflação mais persistente no primeiro trimestre justifica que o banco central adie o início do ciclo de corte de juros de abril para junho, levando a taxa para 2,75%”, na análise do banco. A projeção anterior era de 2,5%.
Como taxas de juros mais altas nas economias centrais pressionam as moedas emergentes – que tendem a ficar mais caras frente ao dólar conforme investidores estrangeiros levam seu capital para os países mais seguros -, o retardamento dos cortes nos EUA irá obrigar o Brasil, bem como outros bancos centrais da América Latina, a desacelerar também o seus ritmos de cortes.
“Continuamos esperando uma continuidade da flexibilização monetária na região, porém entendemos que os ciclos serão pausados um pouco antes ou se tornarão mais graduais”, afirma o relatório. Os juros ao final do ano foram revisados de 9% para 9,25% para o Brasil, de 4,5% para 4,75% no Chile, de 8% para 8,25% na Colômbia e de 5% para 5,25% no Peru.