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As ameaças que trazem caos à Petrobras, mesmo com barril a US$ 120

Apesar do cenário internacional, queda está relacionada às últimas declarações do presidente Jair Bolsonaro e às movimentações na estatal

Por Luana Zanobia Atualizado em 31 Maio 2022, 16h00 - Publicado em 31 Maio 2022, 11h21
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As ações da Petrobras afundaram na segunda-feira, 30, fechando o dia com queda de 2,52%, enquanto o preço do barril do petróleo explodia, ultrapassando os 120 dólares com as notícias da União Europeia estudando um embargo sobre a importação do gás russo. Nesta terça, 31, com o embargo confirmado e a escalada no preço da commodity seguindo, os papéis no pré-mercado recuaram 0,98% e apresentavam leve recuperação na abertura dos negócios na B3 (0,47%, por volta das 10h55), porém, não suficiente para reverter a queda de 16% nos papéis da companhia entre os meses de abril e maio. Apesar do cenário internacional desafiador, o desempenho ruim da petroleira está bastante baseado no ambiente interno tumultuado, tanto pelas últimas declarações do presidente Jair Bolsonaro quanto pelas movimentações na gestão da estatal, que inclusive levantou o alerta de uma possível falta de diesel no país. Afinal, a empresa deveria estar se beneficiando dos preços em alta do seu produto.

No começo da semana, Bolsonaro voltou a subir o tom contra a petroleira, dizendo que a “Petrobras pode quebrar o Brasil”, criticando os os altos preços dos combustíveis e os reajustes da empresa. Neste ano, a companhia realizou dois aumentos na gasolina até o momento — e um terceiro no diesel, anunciado este mês —, o que derrubou o ministro de Minas e Energia e o novo presidente da companhia, que havia assumido há apenas quarenta dias.

Com a escalada do preço no mercado internacional, a missão de Caio Mario Paes de Andrade, novo indicado de Bolsonaro à presidência da estatal, ficará ainda mais difícil. Como a Petrobras segue a política de preços do mercado internacional, o aumento do barril e as flutuações do câmbio impactam diretamente nos preços praticados aqui. Nesse cenário, os reajustes parecem inevitáveis, mas a tentativa do governo de controlar os preços, por meio de pressões junto ao comando da empresa, está gerando instabilidade na estatal. “O papel já vem em tendência de queda com a troca de gestão e depois com o projeto de limitação do ICMS. Todo esse ambiente trouxe volatilidade para o papel, na contramão da performance das outras petrolíferas”, diz Rodrigo Moliterno, chefe de renda variável da Veedha Investimentos.

Segundo Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos, a estatal vinha se destacando frente as seus pares, mas começou a desempenhar mal após a intensificação das tentativas do Governo de interferência na política de preços para controlar a escalada da inflação. O mercado está precificando uma intervenção mais direta do Governo com as constantes troca na presidência e a tentativa de controlar a inflação. “A volatilidade nos papéis se deve a perspectiva de lucro da companhia, que pode ser afetada por conta dessas interferências. As eleições também não ajudam nesse cenário. Ambos os candidatos que disputam a preferência possuem discursos agressivos contra a política de preços da estatal”, diz Virgílio Lage, especialista da Valor Investimentos.

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O dólar segue em queda, abrindo o dia a 4,72 reais após fechar em 4,75 reais na véspera, mas nem mesmo esse alívio no câmbio parece acalmar os nervos do mercado, bastante agitado com as falas e postura do governo. O ministro da Economia Paulo Guedes vem defendendo o aumento do intervalo de tempo entre os reajustes dos combustíveis. A medida de aumentar para 100 dias ou mais o intervalo pode ser uma tentativa populista de segurar os preços, mas pode defasar ainda mais os valores dos combustíveis com os dos praticados no mercado internacional, aprofundando a atual crise.

Deixar os preços defasados pode colocar o país em maus lençóis, inclusive em situação de desabastecimento, uma vez que, quando a Petrobras pratica preços abaixo do mercado internacional, as importadoras preferem comprar combustível dela, em vez de trazer de fora por valores maiores. Dessa forma, pode faltar produto internamente. Um risco maior no terceiro trimestre, quando sazonalmente aumenta a demanda por diesel pelo agronegócio e pelo mercado americano.

A Petrobras é a maior empresa brasileira, contribui com mais de 13% do PIB brasileiro e estima-se que é responsável pela geração de mais de 1 milhão de empregos. No mês, os papéis já desvalorizaram 8,74% e na semana, em sete dias contados a partir da última quarta-feria, 25, até hoje, a desvalorização é de 5,87%, de acordo com análise da Toro Investimentos.

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