Arábia Saudita, ICMS e PIS/Cofins: os desafios da Petrobras pós-PPI
Arábia Saudita anunciou represamento na produção diária de petróleo; ICMS e PIS/Cofins devem ser repassados nos preços
A Arábia Saudita anunciou cortes de 1 milhão de barris de petróleo de sua produção diária na tentativa de controlar o preço internacional. A redução é unilateral, já que a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+) se comprometeu a manter a produção inalterada, mas mesmo assim deve ser relevante, já que se trata de um dos maiores produtores de petróleo do mundo.
A tentativa de controle dos preços pela Arábia Saudita é mais um desafio da Petrobras após anúncio do fim da Política de Preços Internacionais (PPI), que pode se ver obrigada a subir o preço dos combustíveis. A decisão do país árabe se soma a outros dois obstáculos que a estatal enfrentará no curto prazo: a mudança do ICMS e a volta da incidência do PIS/Cofins sobre combustíveis. “São três testes para a companhia. Ela vai rebater o aumento do ICMS? E o PIS/Cofins? Como será a politica de preço? Por enquanto, mercado vai dar benefício da dúvida”, alerta Nicolas Borsoi, economista-chefe da Nova Futura.
A decisão da Arábia Saudita em tentar controlar o preço internacional do petróleo acontece em momento inoportuno, por isso não foi acompanhada por outros países membros da Opep+. Irã, Venezuela e até mesmo os Estados Unidos têm aumentado a produção. A Rússia, em guerra, segue produzindo muito. Por isso, alguns países podem se beneficiar da escassez. “A discussão começa a esbarrar em market share — fatia do mercado. Está todo mundo atrás de receita. Uma coisa é reduzir produção quando a demanda está aquecida, outra é fazer isso agora”, afirma Borsoi. “A Arábia Saudita está tentando liderar esse movimento, mas falta coordenação. Ela faz isso agora porque lucrou bastante com a alta dos preços”, prossegue o economista.
Até agora, a Petrobras não foi testada em momento em águas intranquilas. Pelo contrário. As decisões de redução no preço dos combustíveis aconteceram com o preço internacional do petróleo em queda e depreciação do câmbio. “A parte fácil do ciclo passou. Podemos estar diante de uma perspectiva de alta por oferta mais restrita, o que deve levar a um questionamento maior do mercado em relação à precificação”, diz Borsoi. O grande risco, segundo ele, é o preço internacional ficar muito acima do praticado por aqui, o que faria a Petrobras incorrer em perdas. Ele, entretanto, ainda não crava se haverá aumento nos combustíveis. “Temos que esperar essas três situações se estabilizarem”, completa.