Após desapropriação, Moody’s rebaixa nota da YPF
Com a iminente saída da espanhola Repsol do controle, agência iguala nota da YPF à do governo argentino, isto é, bônus lixo
Na esteira da YPF, Moody’s piora as avaliações de risco de outras cinco petrolíferas argentinas, inclusive da filial da Petrobras
A agência de medição de risco Moody’s anunciou nesta terça-feira que rebaixou a classificação da companhia petrolífera argentina YPF, após o anúncio de Buenos Aires da nacionalização da companhia. Conforme o comunicado, a empresa rebaixou as notas da petroleira em escala global e moeda local para ‘B3’ a partir de ‘Ba3’ – ambas em território de ‘bônus lixo’ – e a classificação em escala nacional para ‘Baa3’ a partir de ‘Aa2’.
A presidente argentina, Cristina Kirchner, ordenou nesta segunda-feira a intervenção imediata na companhia e enviou ao Congresso o projeto de lei para expropriar 51% das ações da companhia em mãos da Repsol. O serviço de investidores dessa agência indicou que ‘as qualificações continuam em revisão para possíveis rebaixamentos’.
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O comunicado explicou que essa ação reflete a expectativa de que a medida passe no Congresso. “(Essa ação) reflete a esperada aprovação do projeto de lei que permitirá ao governo da Argentina e a certas províncias produtoras de hidrocarbonetos tomarem 51% das ações ‘classe D’ da YPF, declaradas de interesse público e submissas a desapropriação”. Do percentual de 51% das ações que se apropriará o governo argentino, 51% pertencem ao Estado e 49% distribuídas entre as províncias.
A agência destaca que o governo de Cristina revelou que pretende fazer uma intervenção na companhia, que ficará sob controle do governo pelo período de 30 dias. A aprovação da lei resultará na tomada do controle por parte do Poder Executivo argentino e dessas províncias de aproximadamente “201 milhões de ações Classe D, atualmente de propriedade da Repsol YPF, o que reduzirá a participação acionária da Repsol na YPF para aproximadamente 6% a partir de 57%”.
No comunicado, a Moody’s acrescenta que haverá embate legal pela frente. “(Como) os termos de compensação oferecidos aos acionistas existentes ainda não foram resolvidos, a previsão é que sejam definidos por um tribunal federal”.
Diante da ‘iminente’ nacionalização parcial da YPF por parte da Argentina – cuja classificação é B3 (bônus lixo), em contraposição ao prévio controle majoritário da Repsol YPF, que tem a boa nota Baa2, aprovado -, a Moody’s ‘considera que a YPF não deveria ter uma qualificação mais alta do que a do governo. Com isso, igualou as classificações. “A revisão para baixo reflete a incerteza com relação à maneira como o governo administrará a YPF, incluindo a incerteza em torno do futuro perfil operacional e financeiro da companhia”, ressalta a Moody’s.
Setor sob suspeita – Alegando o temor com o ‘imprivisível’ alcance da intervenção governamental na YPF, a Moody’s rebaixou as notas de outras cinco companhias do setor petrolífero argentino, inclusive da filial da Petrobras.
As afetadas pelo rebaixamento, além da YPF, são a Pan American Energy (de capitais argentinos, britânicos e chineses) e sua filial argentina; a Petrobras Argentina; e a duas sociedades do grupo argentino Petersen, sócio minoritário na YPF.
A empresa de classificação de risco argumentou que o governo argentino tem um passado que o desabona. “(Ele) tem antecedentes de intervenção no setor de gás e petróleo e recentemente tomou uma série de ações que demonstraram o aumento de sua intervenção no setor e o alto nível de imprevisibilidade”.
A Moody’s lembrou que, recentemente, a gestão Cristina Kirchner cortou incentivos às petrolíferas e ordenou que as companhias do setor repatriassem todas as suas receitas em moeda estrangeira. Ressaltou ainda que o governo federal e algumas províncias também exerceram maior pressão sobre os produtores, especialmente sobre YPF, para elevar os níveis de produção e investimento no país.
No tocante à Petrobras Argentina, sua classificação em escala global em moeda local desceu para Ba3 a partir de Ba2, enquanto a nota em moeda estrangeira passou para B1 a partir de Ba3, com perspectiva negativa.
(com agência EFE)