Americanas perde rating de crédito e ‘BBB’ após rombo de R$ 20 bilhões
Agências de classificação de risco internacionais rebaixam nota de crédito da empresa, que também deixa de ser a principal patrocinadora do 'BBB'

A varejista Americanas enfrenta uma derrocada em sua reputação após o rombo de 20 bilhões de reais em seu balanço contábil e a renúncia do CEO, Sérgio Rial, e do executivo-chefe de finanças, André Covre. Além de deixar de ser pelo segundo ano consecutivo a patrocinadora principal do Big Brother Brasil (BBB) 23, da Rede Globo, que implicaria em um investimento de mais de 105 milhões de reais, abrindo espaço para concorrentes do setor, o rating de crédito foi rebaixado pelas agências de classificação de risco internacionais Fitch e S&P.
A Fitch classificou-a como CC, o que significa alto risco de calote, nota que está acima apenas de C, que significa risco de crédito extremamente alto, e D, que indica calote. Para se ter ideia do tombo da empresa, antes do escândalo o rating de crédito nacional estava em AA+, seis degraus acima e que significa “qualidade de crédito muito alta”, enquanto os ratings de inadimplência do emissor (IDRs) de longo prazo em moeda estrangeira e local eram classificados como BB.
“A Fitch acredita que é provável que a Americanas entre em um acordo de standstill (atraso no pagamento das obrigações) com seus credores, dada a estrutura de capital insustentável que existe agora e os danos à reputação ocorridos. As classificações da empresa seriam rebaixadas para C se isso acontecesse”, disse a agência em nota.
Já a S&P rebaixou a nota da Americanas de BB, um grau especulativo menos vulnerável no curto prazo, mas que enfrenta grandes incertezas para condições adversas, para B, ou seja, grau especulativo mais vulnerável a condições adversas de negócios, financeiras e econômicas, mas com capacidade para cumprir compromissos financeiros.
“Embora ainda não tenhamos informações mais detalhadas sobre o impacto total nos resultados financeiros da empresa, demonstrações financeiras e fluxos de caixa futuros, prevemos maior alavancagem e maiores riscos para capital de giro da Americanas que possam prejudicar sua liquidez”, disse a agência, afirmando ainda que há indicações de “deficiências significativas nos controles internos da empresa e transparência ao mercado, o que também pode prejudicar sua qualidade de crédito”.
A S&P ressalvou que o rating pode ser rebaixado em mais graus caso “novas informações ou o resultado de análises internas apontarem para ajustes substanciais nas demonstrações financeiras, incluindo um aumento significativo da alavancagem; requisitos adicionais de capital de giro, pressionando a liquidez; violação de acordos financeiros ou negociações com credores em condições que possam considerar desfavorável; ou potenciais contingências relacionadas com as investigações”.