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Ameaçado por taxa dos Correios, Wish revê planos para o Brasil

Nova taxa de 15 reais tira vantagem financeira de comprar produtos da China, que levam até três meses para chegar ao Brasil

Por Thaís Augusto Atualizado em 12 set 2018, 19h04 - Publicado em 12 set 2018, 08h17

A disputa entre Correios e a importação doméstica de produtos chineses ganhou um novo episódio em agosto, quando a estatal anunciou o início da cobrança de uma taxa de 15 reais de todas as encomendas internacionais que chegarem ao Brasil. O serviço é conhecido como despacho postal.

A tarifa vale para quaisquer produtos, inclusive os que custam menos de 15 reais. A medida deve afetar as vendas de sites como Wish e AliExpress, que comercializam maquiagens, roupas e acessórios com preços a partir de 5 reais. Em compras desse valor, por exemplo, o consumidor ficará sujeito ao pagamento de uma taxa que equivale a 200% o valor do produto.

Nesse cenário, o preço baixo deixa de ser um atrativo dos sites de produtos chineses. Soma-se ao custo a desvantagem do prazo de entrega: de encomendas compradas em sites chineses podem demorar mais de três meses para chegar à casa do cliente.

“Estamos dispostos a conversar [com os Correios], mas se formos muito afetados vamos pegar o que investimos no Brasil e colocar em outro mercado”, alertou Nicola Azevedo, executivo da Wish responsável pela América do Sul.

De acordo com Azevedo, o Brasil é um dos dez maiores mercados da Wish. Na Play Store, é o quinto aplicativo de compras mais baixado, atrás de AliExpress, Magazine Luiza, Mercado Livre e OLX.

Os ganhos dos Correios com a nova taxa podem chegar a 90 milhões de reais por mês –  o cálculo leva em conta 300.000 pacotes diários, uma taxa de 15 reais e vinte dias úteis do mês. Mas a receita adicional pode ser reduzida: estimativas do mercado indicam que 70% das encomendas que já estão no Brasil serão abandonadas – a estatal é a responsável por enviar de volta produtos parados.

Negócio da China

As compras no país asiático incomodam os Correios há algum tempo. No ano passado, a estatal alegou que os pacotes vindos da China burlavam regras de envio e chegavam ao Brasil sem registro – isso para evitar a cobrança de frete e impostos alfandegários mais caros.

Sem o registro, a empresa precisa fazer uma triagem manual em todos os pacotes, elevando os custos da operação. O prejuízo foi estimado em 1 bilhão de reais.

Diariamente, os Correios recebem entre 100.000 e 300.000 encomendas internacionais. Ao anunciar a nova tarifa, o presidente da estatal Carlos Fortner defendeu a remuneração do serviço. “É uma triagem grande de produtos, imagine encaminhar cada um deles para a Receita Federal, passar pelo raio-X, encaminhar SMS informando que o produto está disponível e assim por diante. Não dá para fazer de graça.”

Segundo ele, os Correios registraram um aumento de 80% em produtos importados que chegam ao Brasil pela empresa entre 2016 e 2017. Até julho deste ano, a alta foi de 32% em relação ao mesmo período do ano passado.

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A notícia pegou o mercado de surpresa. Segundo um executivo do setor, os Correios não avisaram sobre a cobrança, impedindo que as empresas se adaptassem. Consumidores também ficaram sem aviso: compras que ainda não tinham chegado ao Brasil até 28 de agosto já estavam sujeitas à cobrança.

O Procon-RJ abriu uma investigação para que o Correios esclareçam o motivo da tarifa e sua fundamentação legal. Além disso, a estatal deve explicar o que é o despacho postal e apresentar uma planilha de custo para justificar o valor cobrado. Os Correios ainda estão no prazo de quinze dias para responder à notificação.

A decisão dos Correios veio após uma visita ao China Post, operador de serviços postais de Pequim. De acordo com o executivo do mercado, é um indício de que a estatal brasileira não conseguiu negociar termos mais favoráveis para sua operação.

Procurado, os Correios afirmaram que “a cobrança do serviço está em conformidade com a regulamentação postal internacional e, inclusive, é adotada por diversos países no mundo”.

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