Ajuste fiscal ‘paralisa’ obras em rodovias federais
Dívida de R$ 1,5 bilhão do Dnit com construtoras paralisa serviços em 15 estradas. Com cortes no Orçamento, situação deve piorar ao longo do ano
A crise nas contas públicas que obriga o governo a promover o ajuste fiscal já afeta obras de infraestrutura em todo o país. De acordo com levantamento feito pelo jornal O Globo, ao menos 15 rodovias federais tiveram serviços de duplicação e construção paralisados nos últimos dois meses. Só no Rio Grande do Sul, onde há três obras paradas, estima-se que 4 mil operários foram demitidos desde o começo do ano. Em Rondônia, estado com duas obras paradas, a estimativa é de que 500 postos de trabalho tenham sido fechados desde janeiro.
A situação pode piorar ao longo do ano, já que o corte de gastos anunciado pelo governo na semana passada atingiu 36% do orçamento do Ministério dos Transportes. Vinculado à pasta, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) admite que deve 1,5 bilhão de reais a várias empreiteiras responsáveis por obras em estradas. O atraso no pagamento começou ainda em novembro, dizem empresários.
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No primeiro trimestre deste ano, a justificativa era o contingenciamento das verbas do ministério enquanto o Orçamento de 2015 não era aprovado no Congresso. Nos meses seguintes, passou a ser a expectativa de definição do corte para compor o ajuste fiscal. Agora, a pasta pretende definir, até o fim deste mês, como vai utilizar os recursos disponíveis para pagar os atrasos. Só então será possível identificar como isso afetará o cronograma das obras.
Sem receber do governo federal, algumas empreiteiras reduziram o ritmo dos trabalhos para manter os canteiros de obra funcionando apenas com recursos próprios. Outras empresas ficaram sem caixa e resolveram interromper a movimentação de máquinas e trabalhadores até que os pagamentos sejam regularizados.
Em nota, o Ministério dos Transportes informou que “está avaliando a destinação de recursos orçamentários após o corte na semana passada”. O Dnit informou que não emitiu ordem de paralisação – que formaliza a suspensão de um contrato – para nenhum dos contratados para as obras. Segundo o órgão, os pagamentos pendentes “estão sendo efetuados seguindo a ordem das datas dos serviços medidos”.
(Da redação)