Ações da Petrobras abrem em forte queda após demissão de Prates
Ações ordinárias da companhia recuam 7,9%, puxando para baixo o Ibovespa. Troca de comando aumentou preocupações com interferência política
A demissão de Jean Paul Prates da presidência da Petrobras foi mal recebida pelos investidores. Os papéis da companhia operam em forte queda em reação à troca de comando decidida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva na noite de ontem. Por volta das 11h40, as ações preferenciais da estatal (PETR4) caíam 6,5%, enquanto as ordinárias (PETR3) tombavam 7,9%.
O tombo da Petrobras leva junto o Ibovespa. Nesta manhã, o índice recuava 0,9%, aos 127 mil pontos. Já o dólar comercial avança 0,45%, cotado a 5,15 reais. No pré-mercado em Nova York, os papéis da estatal chegaram a tombar 10%.
Com a saída de Prates, Lula indicou a engenheira Magda Chambriard, que foi presidente da ANP durante a gestão Dilma Rousseff, para o comando da estatal.
Investidores não estão exatamente preocupados com as credenciais da nova CEO da Petrobras. O que está em jogo mesmo é a interferência política pesada na estatal.
A União é acionista controladora da companhia e tem poder para tomada de decisões. Sob a batuta do governo Lula, o plano era acelerar os investimentos, inclusive em áreas que fracassaram no passado, como estaleiros e refinarias. Uma das críticas do governo a Prates foi não dar andamento a esse plano. Pesou também a discordância do então presidente sobre a distribuição dos dividendos extraordinários. O governo orientou brecar o repasse, o qual ele não concordava — tanto que se absteve de uma votação sobre o assunto e azedou de vez o clima com o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira.
Mercado
Além da queda da Petrobras, a Vale, outra companhia com grande peso no índice, também colabora para o dia de baixa, caindo mais de 1%. Ela e outras empresas do setor de mineração acompanham a cotação do minério, que fechou em baixa de 1,55% na bolsa chinesa de Dalian.
Nos Estados Unidos, o mercado repercute os dados de inflação do CPI (do inglês “consumer price index”) divulgados hoje. Em abril, o indicador teve alta de 0,3%, dentro das projeções do mercado. No ano, a inflação americana foi para 3,4%, abaixo dos 3,6% de março.