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A rivalidade entre empresas de cartão e o Pix, na mira do governo dos EUA

Após o Pix ganhar popularidade e prometer o parcelamento de compras, o governo americano lança uma investigação que inclui a solução brasileira

Por Felipe Erlich Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 31 jul 2025, 15h41 - Publicado em 31 jul 2025, 14h10

Quando era presidente do Banco Central, em 2022, Roberto Campos Neto fez uma previsão nada animadora para as bandeiras de cartões de crédito — como as gigantes americanas Visa e Mastercard. “Acho que o cartão de crédito vai deixar de existir em algum momento em breve”, disse durante um evento em Brasília. Segundo o ex-banqueiro central, um app “integrador”, possibilitado pelo Open Finance e pelo Pix, eliminaria a necessidade do cartão. Cerca de dois anos depois do prenúncio de Campos Neto, o Banco Central (BC) divulgou que o Pix se tornou o meio de pagamento mais utilizado no Brasil, com aderência de 76,4% da população em 2024. O dado celebrado pelo BC, no entanto, acendeu um alerta na Casa Branca de Donald Trump, preocupada com os interesses econômicos dos Estados Unidos.

O Representante de Comércio dos EUA (USTR, na sigla em inglês), parte do governo americano, abriu uma investigação contra o Brasil, em julho, acusando o país de práticas desleais. “O Brasil também parece atuar em uma série de práticas desleais em relação a serviços de pagamento eletrônico, incluindo mas não se limitando a dar vantagem ao seu serviço de pagamento eletrônico desenvolvido pelo governo”, diz um documento do USTR. O Pix não foi citado nominalmente, mas está incluído na lista de preocupações dos americanos em relação ao Brasil, que também abrange práticas anticorrupção, proteção de propriedade intelectual, tarifas de importação, acesso ao mercado de etanol e desmatamento. Todos esses pontos, a partir da investigação em curso, podem virar justificativas para sanções americanas.

Uma das vantagens dos cartões de crédito em relação ao Pix é a possibilidade de parcelar compras, prática usual dos consumidores brasileiros. O Pix foi inicialmente lançado como um sistema de pagamentos à vista, mas isso está prestes a mudar. O Banco Central marcou para setembro o início do Pix Parcelado, que permitirá aos consumidores assumirem o compromisso de pagar as parcelas diretamente com a instituição financeira (o banco no qual tem conta), sem a necessidade de intermediação por um cartão de crédito. Algumas financeiras já oferecem o parlamento do Pix de forma antecipada, com soluções próprias, mas a guinada promete se intensificar a partir da padronização pelo BC. Será uma vantagem a menos para as bandeiras de cartão.

Um dos antecessores de Campos Neto no comando do Banco Central, Henrique Meirelles considera que a inclusão do Pix na lista de práticas condenáveis se deve à superioridade da solução brasileira em relação ao que os Estados Unidos oferecem. “É um sistema eficiente e rápido, melhor do que todo o sistema de pagamento nos Estados Unidos”, disse em entrevista à BBC News Brasil. Meirelles também chamou a atenção para a relação entre o Pix e big techs americanas, cujos serviços de pagamento eletrônico não atingem a mesma adesão do Pix no Brasil: “Não há dúvida de que o Trump fala que isso (o Pix) está prejudicando o sistema de pagamento das empresas americanas, que são basicamente oferecidos pelas big techs”. Um exemplo é o WhatsApp Pay, funcionalidade do aplicativo de mensagem amplamente utilizado no Brasil, mas que ainda não caiu no gosto do brasileiro. Procurada por Veja, a Meta, dona do WhatsApp, diz que não comenta a investigação americana contra o Pix.

Logo após as alegações do USTR, a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) saiu em defesa do Pix. A federação ressaltou que o sistema de pagamento brasileiro não é um produto comercial — diferenciando-o de cartões de crédito e débito, além de outras formas de transferência financeira. “O Pix é uma infraestrutura pública de pagamento, e não um produto comercial”, começa a nota da Febraban, enviada a Veja. Os bancos também caracterizam o Pix como um “modelo aberto e não discriminatório”. Nesse sentido, não deveria ser visto como desleal ou ameaçador. A Febraban afirma que 70 milhões de brasileiros se digitalizaram com o intuito de utilizar o Pix, totalizando cerca de 168 milhões de usuários que transferem 2,5 trilhões de reais mensalmente.

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A Visa disse à reportagem que não comenta o tema da investigação contra o Pix. A Mastercard não retornou os pedidos de comentário.

Os fatos que mexem no bolso são o destaque da análise do VEJA Mercado:

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