Black Friday: Revista em casa a partir de 8,90/semana
Continua após publicidade

A privatização do Banco do Brasil

O BB perdeu vantagens, mas não o ônus de ser governo

Por Maílson da Nóbrega Atualizado em 4 jun 2024, 15h41 - Publicado em 5 jul 2019, 06h30

Em abril, o Banco do Brasil sofreu uma interferência inusitada. O presidente Jair Bolsonaro vetou propaganda que exibia a interação de diversas pessoas, clientes potenciais, com o mundo virtual. Além de causar perda financeira, sacrificou o objetivo de influir no segmento dos jovens, que cresce velozmente.

“Quem indica e nomeia o presidente do Banco do Brasil, não sou eu? Não precisa falar mais nada, então”, declarou Bolsonaro, numa interpretação canhestra de seu poder. A lei veda esse tipo de intromissão nas empresas estatais. A intervenção realçou quanto o BB perde por ser controlado pelo governo. Hoje, nada, a não ser visões obsoletas e anticapitalistas, justifica que ele seja parte do Estado.

A criação do Banco do Brasil, após a chegada da família real ao país (1808), inspirou-se no modelo do Banco da Inglaterra, então controlado por capitais privados e com poder de emissão baseado em um lastro. Destinava-se a suprir de moedas a praça do Rio de Janeiro, em rápida expansão na época. O BB faliu quando dom João VI retornou a Portugal e subtraiu o lastro em ouro da colônia.

A segunda versão (1853) nasceu da junção do BB do barão de Mauá com o Banco Comercial do Rio de Janeiro. A terceira e atual (1905) surgiu de fusões em meio a uma crise bancária, quando o controle foi transferido para o governo. O Banco do Brasil virou empresa estatal.

A instituição tem custos inexistentes nos pares do mercado financeiro, que inibem o seu desenvolvimento

Continua após a publicidade

O período glorioso iniciou-se com a carteira de redescontos (1921), que permitiu a negociação de seus próprios créditos. A partir dos anos 1930 surgiram a carteira de crédito agrícola e industrial e a de comércio exterior. Até a criação do Banco Central (1964), o BB exerceu funções que caberiam ao BC nas áreas cambial, de fiscalização bancária e de depósitos compulsórios dos bancos.

O ápice desse processo ocorreu entre 1965 e 1986. O BB expandiu vigorosamente o crédito, mediante saques ilimitados na “conta de movimento” do Banco Central, a qual era insustentável e, assim, foi extinta depois de 21 anos. Foi então autorizado a exercer todas as funções de um banco comercial. Superou o desafio de sobreviver na nova realidade. Reestruturou-se, formou quadros de alto nível, investiu em tecnologia e criou subsidiárias para atuar no mercado financeiro e de capitais. Tornou-se competitivo.

O BB perdeu os benefícios da “conta de movimento”, mas manteve o ônus de ser estatal. Tem sede em Brasília (o que não faz sentido), muda frequentemente de administração e submete-­se à fiscalização do Tribunal de Contas, bem como às complexas e limitantes regras de concorrência pública. Está, enfim, sujeito a normas que limitam a capacidade de remunerar adequadamente seus talentos, e assim por diante. Tudo isso impõe custos inexistentes nos pares do mercado financeiro, inibindo o seu desenvolvimento e a necessidade de constante modernização.

Continua após a publicidade

O Banco do Brasil teria muitos benefícios se fosse privatizado. Seria maior e melhor. Infelizmente, a maioria da sociedade e de políticos ultrapassados continua prisioneira de visões de antanho. Uma pena.

Publicado em VEJA de 10 de julho de 2019, edição nº 2642

Continua após a publicidade
carta
Continua após a publicidade
Envie sua mensagem para a seção de cartas de VEJA Qual a sua opinião sobre o tema deste artigo? Se deseja ter seu comentário publicado na edição semanal de VEJA, escreva para veja@abril.com.br

 

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Semana Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

Apenas 5,99/mês

ou
BLACK
FRIDAY
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (a partir de R$ 8,90 por revista)

a partir de 35,60/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.