A expectativa do mercado para a próxima reunião do Copom
Mercado não espera reunião com muitas novidades na quarta-feira, mas comunicado pode trazer alguma mudança quanto ao tom com cenário externo
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central se reúne na próxima quarta-feira para nova rodada de discussão sobre a taxa básica de juros, a Selic. Na última reunião, no início de agosto, o colegiado realizou o primeiro corte em três anos, em 0,50 ponto percentual, para 13,25% ao ano, surpreendendo o mercado, que esperava uma decisão mais cautelosa do BC, dado o histórico recente — que manteve a Selic em 13,75% por sete encontros consecutivos.
Dada a sinalização reiterada dos membros do Comitê, principalmente do presidente, Roberto Campos Neto, de que a barra para alterar a estratégia de cortes de 0,50 ponto percentual por reunião é muito alta, todos esperam um novo corte dessa magnitude. Desde então, as coisas evoluíram de forma positiva no cenário doméstico, após a divulgação da surpresa positiva do crescimento do PIB do segundo trimestre e os dados do mercado de trabalho, que continuam a mostrar desempenho robusto, com criação de empregos, redução da taxa de desemprego e aumento da massa salarial.
O cenário externo, entretanto, inspira um pouco mais de cautela dos agentes financeiros. No comunicado, é possível que haja alguma mudança de tom, dada as incertezas que envolvem a China. “Julgamos que o Copom deve manifestar sua preocupação com o cenário internacional, mas ao mesmo tempo enfatizando que no cenário doméstico as coisas têm evoluído de forma consistente com a continuação do processo desinflacionário”, diz Gino Olivares, economista-chefe da Azimut Brasil Wealth Management. “A manutenção da estratégia de cortes graduais serve justamente para dar tempo de que a desinflação se consolide sem grandes preocupações nem mudanças abruptas no ritmo de cortes, que poderiam gerar volatilidade”, completa.
Portanto, não deverá ser uma reunião com grandes novidades. “O Banco Central tem sinalizado em todos os comunicados e falas públicas de diretores que, para acelerar o ritmo de cortes, teria que haver uma surpresa muito positiva na inflação e não vimos isso”, diz Helena Veronese, economista-chefe da B.Side Investimentos. “A inflação está sob controle e com indicadores benignos, contudo não há surpresas positivas. Mesmo o IPCA de agosto, que veio um pouco melhor do que as expectativas do mercado, teve alguns núcleos ainda pressionados, então não justificaria acelerar o ritmo de cortes e nem mudar a sinalização”, completa.