Bruno Funchal, substituto de Mansueto no Tesouro, terá árdua missão
Economista é hoje o responsável pelo diálogo entre o Ministério da Economia e governadores e terá desafio de liderar a retomada do crescimento pós-pandemia
Atual diretor de Programas do Ministério da Economia, Bruno Funchal, assumirá o posto de secretário de Tesouro Nacional quando consolidada a saída do atual titular da pasta, Mansueto Almeida. Funchal é economista e foi secretário de Fazenda do Espírito Santo, entre 2017 e 2018, e teve seu trabalho bem avaliado perante a opinião pública. Além do bom desempenho frente da economia capixaba – que durante o último ano de gestão, registrou crescimento de 2,3% no estado, ante um avanço de 1,1% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional – Funchal tem bom trânsito político e foi um dos responsáveis no Ministério da Economia pela negociação do acordo do pacote emergencial para estados e municípios, junto ao presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP). Segundo o Ministério, Funchal assumirá o cargo no próximo dia 31 de julho.
Bem avaliado dentro do Ministério da Economia, o novo secretário acompanhava ativamente as reuniões engendradas por membros do Tesouro. Na direção de Programas, ele era responsável por negociar as demandas de prefeitos e governadores, como o pacto federativo. Sua atividade, ganhou contornos mais árduos a partir do desembarque da Covid-19 ao país. E assume com uma difícil missão.
A lentidão na economia e o aumento dos gastos públicos do coronavírus fez com que o governo registrasse déficit mensal recorde nas contas públicas – de 92,9 bilhões de reais no mês de abril. Esse foi o pior resultado mensal da série histórica da instituição, iniciada em 1997. O rombo fiscal quase atingiu o valor registrado em todo o ano passado – que foi de 95 bilhões de reais. Se somados os quatro primeiros meses do ano, o déficit já é maior que em 2019: 95,7 bilhões de reais.
Segundo o Tesouro, o déficit recorde de abril foi motivado por perda de arrecadação de 43 bilhões de reais diretamente relacionados à pandemia do coronavírus, como redução do nível de atividade e adiamento no pagamento de tributos, além da redução de alguns impostos sobre produtos médicos. A pandemia também aumentou em 60 bilhões de reais os gastos públicos devido o pagamento de despesas com auxílio emergencial e linha de crédito para financiar a folha de salários das empresas, que começaram a ser pagas em abril.
Como Mansueto afirmou a VEJA, o secretário de Tesouro deixou o governo por uma escolha pessoal. Ele não via-se parte da Secretaria de Tesouro até o final do governo e considerou que o momento correto de sair deveria ser no hiato entre a assunção de medidas emergenciais de combate à pandemia e as discussões pelos rumos da retomada. “Ou saía neste segundo semestre, quando o governo vai estar preocupado em engendrar as medidas pós-pandemia, ou ficaria até o final do governo, até daqui dois anos e meio, porque é fundamental que haja continuidade no trabalho a partir deste momento”, disse ele, que havia prometido continuidade da agenda que adotou durante os anos a fio de gestão – Mansueto estava há quatro anos no governo. Na entrevista, o secretário confirmou que havia bons nomes dentro do Ministério da Economia para ocupar seu posto. Se a premissa de manutenção das diretrizes for mantida, como tudo indica, Funchal tem currículo e retrospecto para fazer uma boa gestão.