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À brasileira, Alexa, da Amazon, encarna de Galvão Bueno a Sandy & Júnior

Assistente teve como inspiração a nave de Star Trek e chega ao Brasil com piadinhas para clientes; ouça as interações da versão nacional do software

Por Victor Irajá 3 out 2019, 16h53

“Dig, dig boy, dig boy, popoy”, vai exclamar a Alexa se o usuário instigar a assistente virtual da Amazon com a frase “vem brincar comigo”. A menção à música da dupla Sandy & Júnior faz parte de uma estratégia da gigante americana, que anunciou o início das vendas da Echo no Brasil – uma caixa de som inteligente, que comporta como seu “cérebro” a secretária digital da Amazon –, para emplacar um de seus maiores sucessos de vendas também no mercado brasileiro. Unindo-se a países como Estados Unidos, França e Japão, a Alexa e a caixinha chegam ao Brasil nesta quinta-feira, 3 ─ com, digamos, brasilidade. Para adaptar-se aos hábitos do país, a Amazon treinou a assistente virtual para comportar-se como nós, primeiramente para interpretar o que dizemos, obviamente, para, em seguida, agir com certa informalidade e humor com os clientes brasileiros.

“O primeiro desafio foi lidar com os diferentes sotaques e vocabulários, fazendo Alexa falar de uma maneira correta e confortável, sem refletir o paulista, o gaúcho ou carioca, para todo mundo”, afirma Ricardo Garrido, gerente da empresa de Jeff Bezos no Brasil. “No Japão e na França, os clientes pedem uma assistente mais formal. No Brasil, ela fala de forma coloquial. A Alexa vai usar termos como ‘tô’ em vez de ‘estou’ ou que ‘o Palmeiras vai jogar no sábado’ ao invés de ‘jogará'”, completa. Outro desafio, segundo ele, foi aportuguesar as palavras e interpretar frases que, numa língua rica como a nossa, poderiam provocar dúvidas de interpretação. “Pronunciamos palavras em inglês de uma forma própria, como a banda Aerosmith ─ temos nosso próprio jeito de falar, diferentemente da forma dos americanos ─, e a Alexa precisava entender o que estávamos querendo ouvir”, explica.

Como estratégia para atrair os brasileiros, a Amazon instalou os chamados easter eggs ─ presentinhos e piadinhas para os consumidores ─ entre os comandos. Além dos filhos de sertanejo Xororó, o narrador Galvão Bueno e o personagem Chaves (mexicano que goza de carinho especial dos brasileiros) estão entre as imitações realizadas pela assistente (veja no vídeo abaixo). Com o lançamento no país, a Amazon reitera seu posicionamento de investir no Brasil.

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No início de setembro, a empresa disponibilizou para os brasileiros o Amazon Prime, um serviço de assinaturas que extingue o valor de fretes para produtos comprados na plataforma. Disponível em 18 países, mais de 100 milhões de pessoas pagam pela assinatura e a empresa percebeu um nicho de mercado inexplorado no Brasil. Quanto à Alexa, que chega ao 15º país onde a assistente estará disponível, o Brasil terá à disposição os mesmos serviços oferecidos pela Amazon em outras nações. A assistente poderá apagar e acender luzes, trancar as portas, fazer compras, pedir um carro por aplicativo ou tocar música, tudo por meio de comandos de voz, por meio de parcerias com empresas de energia e segurança.

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Em entrevista à agência de notícias britânica Bloomberg, funcionários da Amazon revelaram que ouviam conversas dos usuários com a máquina. De fato, a empresa admite a oitiva ─ de menos de 1% delas, segundo Garrido ─, mas diz que a decisão de deixá-las à disposição dos funcionários é decisão dos usuários. “Os áudio são armazenados porque é assim que o sistema aprende os hábitos do cliente, podendo, por exemplo, sugerir ações a partir de comportamentos cotidianos, como sugerir apagar as luzes automaticamente em determinado horário. Alimenta a inteligência artificial para sugerir coisas para ele, baseado nos hábitos desse usuário. Os diálogos são armazenadas de maneira segura e os clientes podem optar por exclui-los quando ele quiser”, diz Garrido, que ratifica: a Echo só capta as falas quando “escuta” o nome da assistente.

A preocupação com a segurança das informações dos clientes, segundo a empresa, começou desde os primórdios do desenvolvimento do software ─ que, aliás, tem origem em um bate-papo curioso. A ideia de se investir numa assistente pessoal acessível de qualquer lugar surgiu com a USS Enterprise, a mitológica nave do Capitão James T. Kirk na série Jornada nas Estrelas (ou Star Trek). Na obra, Kirk dialoga com a nave, que realiza funções para o capitão, que consegue fazer todos os comandos por voz. Ter um computador completo em qualquer cômodo que realize tarefas a partir da fala foi o que mobilizou os engenheiros da Amazon a investirem seus tempos no desenvolvimento da Alexa e da Echo, lançados nos Estados Unidos em 2014. Como a série original se passa entre os anos de 2265 e 2269, resta ao tempo dizer se, até lá, a Amazon e Jeff Bezos serão capazes de levar-nos também para uma viagem espacial ─ comandada, é claro, pela voz.

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