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A arma eleitoral de Bolsonaro na disputa contra Lula

A poucos meses da eleição, Bolsonaro usa o dado de recuo na inflação como argumento na corrida eleitoral

Por Luana Zanobia Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 25 ago 2022, 00h25 - Publicado em 24 ago 2022, 16h07

O presidente Jair Bolsonaro articulou medidas para controlar a alta dos preços, em especial dos combustíveis, em uma clara tentativa de alavancar sua popularidade a poucos meses das eleições. Em vigor há dois meses, a redução do imposto sobre os combustíveis (ICMS) é encarada como “artificial” pelo seu caráter temporário, mas os seus efeitos já são comemorados pelo governo Bolsonaro.  

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), a prévia da inflação oficial, registrou deflação de 0,73% em quatro semanas contadas até o meio de agosto, segundo dados do IBGE divulgados nesta quarta-feira, 24. Essa é a menor variação mensal desde o início da série histórica, iniciada em novembro de 1991. A desaceleração fez o índice recuar de 11,4% para 9,6% no acumulado de 12 meses, com a inflação voltando ao patamar de um dígito, algo que não ocorria desde agosto do ano passado.

A poucos meses da eleição, Bolsonaro usa o dado para buscar uma vantagem contra Lula. “Lembrando que mesmo utilizando de todas medidas legais para abaixar o preço do combustível, energia elétrica, telefonia celular e internet, todos os senadores do PT foram contra, Lula é contra e governadores, a grande maioria do Nordeste, acionaram o STF para inviabilizar a redução do imposto dos combustíveis”, diz a nota do governo no canal oficial do presidente no Telegram.

Na segunda-feira, 22, durante entrevista para o Jornal Nacional, o presidente se gabou da deflação do último mês ao comparar o dado mensal de junho com o de países desenvolvidos. “Se você pegar os dados de hoje, você vê o Brasil como talvez o único país do mundo com uma deflação, um país onde vai ter uma inflação menor do que, por exemplo, Inglaterra, menor que os Estados Unidos”, disse. O presidente, porém, não citou a inflação acumulada em doze meses, que ainda é superior a de países desenvolvidos, como Europa e Estados Unidos, que estão com inflação de 8,9% e 8,5% consecutivamente na taxa anualizada, abaixo da taxa atual de 9,6% registrada agora no Brasil pelo IPCA-15.

A deflação do indicador está atrelada à queda nos preços dos combustíveis devido à redução do ICMS, mas também pela queda do preço das commodities no mercado internacional, com o petróleo brent sendo negociado abaixo de 100 dólares o barril. Os dados de desaceleração nas principais economias e a precificação de uma recessão global no radar estão ajudando a aliviar os preços do petróleo e de energia, que foram considerados grandes vilões da inflação nos últimos meses. Na última semana, a Petrobras reduziu novamente o preço da gasolina, sendo este o quinto movimento de baixa nos combustíveis e o terceiro em um mês. “Além da redução de impostos, os recentes reajustes na gasolina pela Petrobras – item de maior peso no IPCA-15 –, influenciaram para tal dinâmica no mês”, diz Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research.

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O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, estima que a inflação do ano pode ficar entre 6,5% ou até mesmo abaixo disso, considerando as medidas domésticas com o ICMS e o cenário macroeconômico global. Porém, a inflação pode sofrer um potencial revés no final do ano, a depender da decisão do Judiciário no que se refere aos impostos. Está em conciliação no Judiciário um acordo entre União para discutir se as medidas aprovadas do ICMS são temporárias ou permanentes e para que possam vigorar sem que haja piora gigantesca das contas dos entes. “Existe a possibilidade de que haja o adiamento da vigência da redução de impostos ou até mesmo o cancelamento. Isso seria suficiente para elevar a inflação em 2%, com potencial de ocorrer ainda este ano – novembro precisamente”, diz Étore Sanchez, economista e sócio da Ativa Investimentos.

Além desse potencial revés, a conta criada com a ampliação de benefícios sociais, como o Auxílio Brasil de 600 reais, e o impacto na receita com a redução da arrecadação de impostos, podem gerar em um rombo fiscal estimado de 430 bilhões de reais para o próximo ano, cerca de 4,2% do PIB, segundo cálculos do IBRE.

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