Transição antecipada
Indicação do novo presidente do BC deve ocorrer em agosto e Galípolo é o favorito
O governo Lula deve indicar o novo presidente do Banco Central em agosto, quatro meses antes do final do mandato do atual presidente, Roberto Campos Neto. A decisão foi acordada entre Lula e o ministro Fernando Haddad como uma forma de facilitar a transição de poder, depois de sugestão de Campos Neto. O atual diretor de Política Monetária do BC, Gabriel Galípolo, é o franco favorito para assumir o posto.
A antecipação da transição no BC faz parte de um calendário de medidas para reduzir o estresse no mercado. Nos próximos dias, a Fazenda divulga o decreto de meta contínua da inflação, regulação que reforçar o compromisso do BC com a meta de 3% de inflação. A terceira novidade que pode diminuir a volatilidade do mercado seria a votação unânime dos diretores do BC nesta quarta-feira pela manutenção dos juros em 10,5%.
A manutenção dos juros em 10,5% frustra a equipe econômica, que esperava cortes até a taxa chegar a um dígito, mas se tornou tese majoritária depois do adiamento dos cortes dos juros nos EUA e da desancoragem das expectativas com déficit fiscal e inflação no Brasil.
A reunião será um teste para Gabriel Galípolo. Se ele levar os outros três diretores do BC indicados por Lula para uma posição mais ortodoxa será um sinal de liderança. Uma nova divisão da diretoria do BC será tomada pelo mercado como a confirmação de que no ano que vem, quando o colegiado terá sete indicados de Lula, haverá leniência no controle da inflação. Se o dólar bateu nos R$ 5,40 na semana passada apenas com a impressão de que Haddad está perdendo poder, o céu será o limite do câmbio numa nova divisão do BC.