Assine VEJA por R$2,00/semana
Imagem Blog

Thomas Traumann Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO

Thomas Traumann é jornalista e consultor de risco político. Foi ministro de Comunicação Social e autor dos livros 'O Pior Emprego do Mundo' (sobre ministros da Fazenda) e 'Biografia do Abismo' (sobre polarização política, em parceria com Felipe Nunes)
Continua após publicidade

Haddad sob ataque

Ataque à meta de déficit zero esconde a tentativa de ala do PT de derrubar ministro da Fazenda

Por Thomas Traumann Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 set 2023, 13h00 - Publicado em 4 set 2023, 07h00

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, está sob o maior ataque especulativo em cinco meses. Na segunda-feira, três dias antes de o Orçamento de 2024 ser enviado ao Congresso, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, tentou convencer o presidente Lula da Silva a desistir da meta do déficit zero para 2024 — o símbolo da gestão Haddad. Costa argumentou que a meta é inexequível e obrigará o governo a um contingenciamento de despesas na casa dos 50 bilhões de reais já no início do ano, paralisando programas essenciais para um bom resultados dos candidatos lulistas na eleição municipal.

O ataque de Costa foi articulado. Deputados petistas como Lindbergh Farias e assessores do Ministério do Planejamento criticaram a meta ora por ser ambiciosa demais, ora por restringir os investimentos públicos. “Um negócio desses (déficit zero) arrebenta o governo”, disse a presidente do PT, Gleisi Hoffmann. Na terça-feira, simultaneamente jornalistas da Folha, Estadão, Valor e GloboNews surgiram com reportagens de bastidores mostrando que além de Rui Costa, as ministras Esther Dweck (Gestão) e Simone Tebet (Planejamento) defendiam a revisão da meta para um déficit de 0,4% a 0,75% do PIB. Os textos chamavam as críticas ao plano de Haddad como “fogo amigo”. Bondade dos jornalistas. Era um motim.

Ao fim, o projeto de Orçamento foi enviado com a promessa de déficit zero, mas o estrago estava feito. O mercado passou a analisar a proposta com mais ceticismo e o Centrão viu a oportunidade de cobrar mais para ajudar Haddad. Ao fim da semana, a bolsa caiu, o dólar e os juros futuros subiram.

A promessa de déficit zero é igual à meta de inflação de 3% ao ano. É altamente improvável (para dizer o mínimo) que a meta seja cumprida, mas o fato de ela existir cria um parâmetro de que o Banco Central não vai ser leniente se a inflação ultrapassar 5%. Ninguém no mercado aposta em um déficit zero em 2024 (as apostas variam entre 0,9% e 0,7% negativos), mas o fato de o governo assumir um alvo ambicioso aumenta a confiança de que não haverá estouro de gastos.

Essa confiança trincou. Na quinta-feira, quando foi divulgado que o presidente Lula havia vetado um dos artigos da Lei de Diretrizes Orçamentárias, o mercado voltou a panicar. A intenção formal do veto era permitir que o governo pudesse, depois do envio de outro projeto ao Congresso, considerar o pagamento do estoque das dívidas de precatórios não pagas pela gestão Paulo Guedes como despesa financeira — manobra que ajudaria no superávit primário e já está acordada com o mercado. Só que o veto é de Lula é abrangente. Sem a proibição explícita para prever exclusões ou descontos na hora de verificar o cumprimento da meta fiscal, abre-se a possibilidade de uma criatividade à Mantega. Aos olhos do mercado, a garantia passou a ser a palavra de Haddad. Sob o ataque de outros ministros, sua palavra se desvalorizou.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.