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Thomas Traumann é jornalista e consultor de risco político. Foi ministro de Comunicação Social e autor dos livros 'O Pior Emprego do Mundo' (sobre ministros da Fazenda) e 'Biografia do Abismo' (sobre polarização política, em parceria com Felipe Nunes)
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Haddad, o sinal e os ruídos

Mudanças no imposto de renda serão adiadas para não atrapalhar votação da reforma tributária no Senado

Por Thomas Traumann Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 17 jul 2023, 17h09 - Publicado em 17 jul 2023, 09h44

O Ministério da Fazenda vai adiar o envio da proposta de reforma do Imposto de Renda para não atrapalhar a votação da reforma tributária no Senado. Em entrevista à Natuza Nery, da GloboNews, no dia 10, o ministro Fernando Haddad anunciou que as propostas de novos impostos seriam enviadas em agosto, mas foi convencido a mudar o cronograma pelos líderes governistas no Senado.

Politicamente faz todo o sentido. A reforma tributária aprovada pela Câmara é uma grande carta de intenções e é razoável a possibilidade de o Senado piorar o texto, especialmente para favorecer os estados do Norte e Centro-Oeste. No front fiscal, no entanto, isso vai provocar ruído.

Sem as propostas de renda, o projeto de orçamento de 2024, que por lei precisa ser enviado em agosto, vai chegar capenga ao Congresso. Como prever um déficit primário zero sem saber a arrecadação? Ok, por anos a proposta do orçamento de agosto sai de um jeito do Planalto e muda completamente até a sua aprovação em dezembro, mas como este será o primeiro ano do novo arcabouço o mercado vai olhar o orçamento com lupa.

A reforma da renda será a principal nova agenda legislativa do governo Lula. Será a oportunidade de o presidente dizer que está cumprindo a promessa de “colocar o pobre no orçamento e o rico no imposto de renda”. Por isso, a proposta tem objetivos ambiciosos: (1) bancar a promessa de isenção do imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mi até 2026. O custo estimado dessa benesse é R$ 80 bilhões por ano e, por isso, é uma meta considerada quase impossível pelos técnicos da Receita Federal e do Tesouro Nacional; (2) bancar o que ficou faltando de receitas recorrentes para o Marco Fiscal, valor ainda não estimado, mas que segundo algumas corretoras passa de R$ 70 bilhões.

Olhe os valores envolvidos nessas duas ambições e é possível imaginar o tamanho da mordida. Alíquotas e estimativas ainda estão em andamento, mas a reforma de renda deve incluir:

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• taxações de dividendos, com pouca ou nenhuma compensação no imposto sobre lucro;

• taxação dos fundos exclusivos;

• taxação dos investimentos em off-shore (com a retirada da MP do assunto);

• fim da JCP, os juros sobre capital próprio, um tipo de remuneração que grandes empresas, especialmente bancos, distribuem para seus acionistas;

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• restrição às deduções de saúde e educação na declaração do Imposto de Renda;

• novas alíquotas de imposto de renda para salários acima de R$ 8 mil.

Lembrado por Natuza Nery de que parte dessa agenda já foi tentada por seus antecessores e não foi aprovada pelo Congresso, Haddad saiu pela tangente. Disse, corretamente, que a responsabilidade de dar sustentabilidade fiscal não é apenas do Executivo, mas também dos outros Poderes. Beleza, mas, se o Congresso não aprovar a agenda de impostos, quem vai ter de se virar para (1) explicar a Lula que a promessa de isenção até R$ 5 mil não vai sair; e (2) explicar ao mercado que o Arcabouço não vai explodir já no primeiro ano vai ser Fernando Haddad e não Arthur Lira ou Rodrigo Pacheco.

Embora projetar o futuro no Brasil seja uma tarefa arriscada, é altamente improvável que a equipe econômica vá chegar a dezembro com o arcabouço sem fundos. O plano B de Haddad inclui a antecipação das receitas do pré-sal, acordos no Carf com grandes devedores como a Petrobras e até uma nova rodada de repatriação de recursos. São ideias que só funcionam uma vez, mas funcionam.

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Haverá ruídos nos próximos meses sobre a capacidade de o governo cumprir o arcabouço, mas o sinal é que há um plano B.

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