A missão impossível de Fernando Haddad
Desautorizado pelo chefe, o ministro fez o possível para manter sua credibilidade, mas não escapou de passar recibo

Fernando Haddad tem um problema. E uma missão.
O problema é que, na última sexta-feira, Lula avisou ao distinto público que a meta de déficit fiscal zero foi para o beleléu. Aparentemente, não se deu ao trabalho de comunicar antes ao principal interessado, o ministro da Fazenda.
A missão é que, desautorizado pelo chefe, Haddad não pode perder o rebolado: tem que mostrar força e ratificar que o governo está comprometido com o equilíbrio fiscal… mas sem desdizer o chefe nem passar recibo.
A missão é basicamente impossível.
Mas Haddad tentou: “A minha meta está estabelecida: vou buscar o equilíbrio fiscal de todas as formas justas e necessárias para que nós tenhamos um país melhor.”
Não conseguiu, no entanto, escapar de passar o recibo. Foi até com alguma classe: “Da parte do presidente não há nenhum descompromisso. Pelo contrário. Se ele não estivesse preocupado com a situação fiscal, ele não estaria pedindo apoio da área econômica para orientação das lideranças do Congresso.”
Mas o que interessa é que Haddad não conseguiu reconciliar a declaração de Lula na sexta e o suposto compromisso do governo com equilíbrio fiscal. Até porque são duas posições completamente reconciliáveis.
Como seus colegas do ministério, os investidores, os bancos, os adeptos do fogo amigo e o público em geral sabem perfeitamente.