O que fazer para o carro elétrico não virar um “mico” dentro do condomínio
Boa parte dos prédios ainda não possuem uma infraestrutura adequada para esse tipo de veículo
Andar na marcha da sustentabilidade e, de quebra, economizar nos gastos com combustíveis. Esses apelos irresistíveis estão fazendo muitas pessoas optarem por comprar um carro elétricos. Segundo a Secretaria Nacional de Trânsito, a frota de elétricos triplicou no país entre 2020 e 2023 e até 2040 devam ter 11 milhões de carros elétricos no Brasil.
Mas ter um veículo do tipo pode resolver algumas questões e abrir espaço para novos problemas. Como fazer para manter o automóvel dentro do prédio, por exemplo? Nem todos os endereços estão preparados para a modernidade. É fundamental a presença de uma infraestrutura de carregamento facilitada para esses motoristas. Os condomínios residenciais precisam estar atentos à essa nova dinâmica da sociedade e preparados para se adaptar e atender essa nova exigência do mercado ou mesmo dos moradores que chegarem com essa novidade.
O primeiro ajuste que o administrador do condomínio ou o síndico deve fazer, antecipando-se à demanda por eletricidade, é oferecer pontos de carregamento para os carros. A instalação pode ficar em uma área reservada ou na vaga de garagem do próprio morador que tenha um veiculo do tipo. O ideal é que o local da estação de energia permita o carregamento de vários veículos simultaneamente, se necessário, reduzindo o custo da operação. A quantidade de pontos ddeve ser determinada com base na demanda esperada dos moradores, de acordo com os padrões universais dos protocolos de carregamento (por exemplo, CHAdeMO, CCS, Tesla Supercharger) para garantir que os diferentes modelos possam ser “abastecidos”.
Depois de fazer esse planejamento dos pontos de carregamento, o síndico precisa conferir a capacidade elétrica do prédio para evitar uma sobrecarga de energia. No caso de edifícios mais antigos, talvez seja necessário atualizar a infraestrutura para atender a essa nova demanda.
A parte mais sensível dessa adaptação aos modernos tempos de tecnologia e cuidado com o meio ambiente é a discussão sobre os custos. Implantar um sistema de carregamento para carros elétricos, desde a sua fase inicial de planejamento e estruturação, vai mexer no caixa do condomínio. Nessa hora, muitos moradores terão dificuldade em entrar em consenso. Nem todos vão se beneficiar imediatamente com essa obra.
Existem algumas soluções para tentar resolver possíveis conflitos e os administradores precisam estar preparados. O primeiro caminho é usar uma estação de recarga individual, na qual o morador que irá carregar seu veículo paga por todas as despesas, instalando a tomada em sua vaga de garagem. O consumo de energia é registrado no medidor de luz da unidade do apartamento desse morador.
Outra solução é instalar tomadas industriais para carregamento coletivo, caso o condomínio decida em assembleia. Nesse caso, cada usuário terá um cadastro e, ao terminar de carregar, o custo será enviado para a administradora do condomínio, que vai cobrar cada pessoa de acordo com o seu uso pelo medidor individualizado.
Seja o caminho escolhido, é importante buscar uma empresa especializada para cuidar da obra, com o acompanhamento de um engenheiro elétrico. Esse profissional vai validar se o condomínio tem condições de receber essas estações de recarga sem prejudicar o fornecimento de energia do prédio e até mesmo dos vizinhos do condomínio.
Já no caso de novos empreendimentos, algumas cidades já normalizaram a inclusão dessas estações de recarga. A cidade de São Paulo, com a Lei nº 17.336, de 2020, dispõe que condomínios tanto residenciais quanto comerciais precisam prever formas de recarga de veículos. Essa lei entrou em vigor em abril de 2021 e todos os novos lançamentos imobiliários devem fazer essa previsão.
Esse tipo de ajuste, ainda que necessitando um investimento, é uma melhoria para o condomínio e, consequentemente, impacta na valorização do imóvel, além de imprimir uma imagem mais moderna, alinhada com os tempos em que aumenta a consciência pela necessidade de reverter o sinal vermelho emitido pelo estágio atual de descalabro ambiental.