Questionado sobre desvalorização do real, Lula renova ataque a Campos Neto
"O presidente do Banco Central é um adversário político, ideológico e adversário do modelo de governança que nós fazemos", disse o petista nesta sexta
Em sua quarta entrevista em três dias, o presidente Lula foi questionado nesta sexta-feira sobre a desvalorização da moeda brasileira frente ao dólar, que fechou o dia cotado a 5,44 reais, e renovou seus ataques ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.
“Nós estamos com um problema sério. Veja o negócio, eu já fui eleito presidente da República há um ano e sete meses e o presidente do Banco Central é um adversário político, ideológico e adversário do modelo de governança que nós fazemos. Ele foi indicado pelo governo anterior e faz questão de dar demonstração de que não tá preocupado com a nossa governança, ele tá preocupado é com quem ele se comprometeu”, declarou Lula à Rádio Mirante News FM, do Maranhão, durante visita a São Luís.
O presidente também disse que está chegando no momento de trocar o chefe do BC e que terá que “tirar eles e indicar outras pessoas”. “E eu acho que as coisas vão voltar à normalidade, porque o Brasil é um país de muita confiabilidade, o Brasil é o quarto país com reserva internacional no mundo, uma reserva que começou no nosso governo em 2005 que nós chegamos a 370 bilhões de dólares de reserva. Mais do que nós na época só a Arábia Saudita e os Emirados Árabes. Então nós estamos tranquilos. Ou seja, esse nervosismo especulativo que está acontecendo não vai mexer com a seriedade da economia brasileira”, comentou.
“Os nossos bancos públicos estão emprestando muito dinheiro, muito dinheiro, o BNB que não emprestava dinheiro para estado e para município, está emprestando dinheiro, a Caixa Econômica está emprestando muito dinheiro. Só para você ter ideia, a Caixa Econômica e o Banco do Brasil, nesse período que nós estamos conversando aqui, os dois sozinhos têm mais carteira de crédito do que os três bancos grandes do Brasil privados juntos. Porque os bancos não querem emprestar dinheiro, os bancos querem especular, os bancos querem ganhar com a taxa de juros”, acrescentou.
Para finalizar a resposta, ele tentou explicar o motivo da desvalorização do real dizendo que “toda vez que os americanos estão tentando mudar a taxa de juros e não mudam, e aumentam ou ficam como tá, cria um problema”.
“Lamentavelmente, é assim. Como o dólar é uma economia que só tem um lugar que tem a máquina que fabrica ele, quando os americanos mexem sabe, ele mexe aqui. Mas nós já provamos uma vez que é possível consertar, e vamos consertar”, concluiu Lula.