Hotel que chamou atenção de Trump no Rio abre guerra contra o BRB
Batalhas entre responsáveis pelo empreendimento e fundo de investimentos correrão na CVM e no Judiciário

Donald Trump livrou-se de uma roubada no Brasil.
Atento à perspectiva de lucros com a Olimpíada do Rio, em 2014, a empresa do presidente americano decidiu investir na cidade, emprestando sua bandeira a um hotel que seria construído na Barra da Tijuca.
No final do ano passado, porém, os representantes de Trump pularam fora do negócio por problemas contratuais.
Hoje, sabe-se que fizeram bem.
O LSH Hotel irá à Justiça e à CVM contra o BRB DTVM, um braço do Banco de Brasília, que administra o fundo de investimentos criado exclusivamente para injetar recursos no empreendimento.
O problema começa quando o LSH opta por emitir debêntures ao mercado.
Operação feita, o próprio BRB DTVM atua como distribuidor e adquire parte dos títulos de dívida do hotel.
Até aí, parecia estar tudo certo.
No entanto, Andreia Lopes, diretora do BRB DTVM, responsável pela administração de recursos de terceiros, ocupava três posições distintas – todas importantes.
Ela pertencia à cúpula do fundo de investimentos controlador do LSH, integrava o Conselho de Administração e a diretoria do hotel.
Pois como debenturista, o BRB DTVM começou a pressionar o LSH para pagar o valor dos títulos antecipadamente, ou seja, antes do prazo de expiração das debêntures.
Em nome do BRB DTVM, quem se posicionava a favor do vencimento antecipado era a própria Andrea Lopes, a executiva membro do conselho e da diretoria do hotel, o único prejudicado pelo eventual desembolso.
Com um pé em cada canoa, ela escolheu remar pelos interesses de credor do BRB.
Os colegas de Andreia no Conselho de Administração, os cotistas do fundo de investimentos e os demais debenturistas viram a existência de conflito de interesses na atuação do BRB.
Por isso, vetaram a antecipação do pagamento das debêntures.
Outro capítulo sombrio da relação passa pelo presidente do BRB DTVM, Carlos Vinicius Raposo.
Ele tentou emplacar o irmão, Luiz Guilherme Raposo, como diretor financeiro da LSH. Sem sucesso.
Entretanto, uma empresa de consultoria de Luiz Guilherme Raposo acabou sendo contratada pelo LSH para apresentar um relatório sobre a saúde financeira do hotel.
Ocorre que o LSH, contratante dos serviços e que pagou aproximadamente R$ 200 mil a Luiz Guilherme, nunca recebeu o trabalho.
Para a surpresa dos executivos do LSH, o tal relatório foi apresentado numa assembleia pelo BRB DTVM – lembrando, cujo manda-chuva é Carlos Vinicius Raposo, irmão de Luiz Guilherme.
O roteiro da guerra do hotel contra o BRB DTVM está só começando. As próximas batalhas serão travadas na CVM e no Judiciário.