Com Desenrola, inadimplentes passam a consumir mais, revela estudo
Pesquisa do Instituto Locomotiva e da MFM Tecnologia sugere que o programa do governo federal é um dos responsáveis pelo aquecimento do comércio
O número de brasileiros inadimplentes que disseram ter feito compras em comércio de rua cresceu de 62%, em novembro do ano passado, para 77%, no mesmo mês deste ano, de acordo com a pesquisa Raio-X dos Brasileiros em Situação de Inadimplência, conduzida pelo Instituto Locomotiva e pela MFM Tecnologia. Também aumentou a quantidade daqueles que declararam ter utilizado canais on-line para fazer compras no mês passado (66%) na comparação com novembro de 2022 (54%).
Para o presidente do Locomotiva, Renato Meirelles, o programa Desenrola, do governo federal, contribuiu para o cenário identificado no levantamento, por colocar os inadimplentes “de volta ao universo do consumo”.
“A pesquisa deixa claro que não é porque a pessoa está inadimplente que deixará de consumir. Elas têm renda e necessidades de consumo, mas por alguma situação da vida ficaram nessa situação. E o Desenrola coloca os brasileiros de volta ao universo do consumo. O dado mostra a importância que essas pessoas têm para a retomada do crescimento da economia, já que possuem um potencial gigantesco para fazer crescer o mercado consumidor”, explica Meirelles.
Outros fatores citados foram a redução nos juros, o controle da inflação dos itens básicos, em especial dos produtos da cesta básica, o aumento real do salário mínimo e da renda média da população, além da ampliação do dinheiro disponível para programas de distribuição de renda do governo federal.
O estudo também apontou o aumento da intenção de compra futura dos inadimplentes: o porcentual que planeja comprar uma televisão saltou de 47%, no ano passado, para 55%, neste ano. Ainda segundo a pesquisa, 39% dos entrevistados têm certeza de que conseguirão pagar suas dívidas — ante 25% no ano passado.
Diretor de inovação e marketing da MFM Tecnologia, Luiz Ojima Sakuda destacou outros resultados do levantamento relacionados ao consumo: economizar é a principal forma através da qual consideram que conseguirão pagar as contas (36% em 2023 e 40% em 2022), mas cresceu a parcela que diz já ter se estabilizado (de 20% para 24%).
“Além disso, diminuíram os porcentuais relacionados às outras formas de conseguir quitar dívidas, como fazendo horas extras, empréstimo, vendendo algo que possui. Entre as economias em outras contas, o maior aumento porcentual foi a renegociação de dívidas (38% em 2023, 31% em 2022)”, apontou.