A nova crítica de um ‘indignado’ Lula ao ‘cidadão’ do Banco Central
O presidente criticou a taxa de juros do crédito consignado, em comparação à do Plano Safra e à dos empréstimos do BNDES
O presidente Lula participou na manhã desta terça do seu podcast semanal e, questionado sobre o combate à desigualdade no mundo, contou ter ficado “indignado” na véspera ao discutir o Plano Safra 2023/2024, que será lançado em instantes. O alvo da indignação é a taxa de juros no país e “um cidadão no Banco Central”, no caso, o presidente da instituição, Roberto Campos Neto, que não foi citado por Lula.
“Deixa eu te dizer uma coisa que ontem eu fiquei indignado. Ontem eu fiquei indignado. Ontem eu tava discutindo o Plano Safra. O Plano Safra será 364 bilhões de reais, a uma média, eu não sei o total, de 10% de juro ao ano. É caro. É muito caro. Esse juro poderia ser mais barato. Mas é que tem um cidadão no Banco Central, que a gente não sabe quem pôs ele lá, que traz os juros em 13,75%”, afirmou. Em tempo: Campos Neto, como se sabe, foi indicado para o posto pelo ex-presidente Jair Bolsonaro.
“Então eu fiquei pensando: nós vamos emprestar 364 bilhões para os agricultores do agronegócio a 10% de juro. Amanhã vamos lançar o programa da agricultura familiar, me parece que é 75 bilhões, também a uma taxa de juros menor do que essa. Correto”, comentou.
Ele então disse que o que o deixou indignado foi o juro do crédito consignado, que é dado para a pessoa que tem emprego garantido, “que é descontado no salário, portanto não tem como perder”, ser de 1,97% ao mês.
“1,97 vezes 1,97, juro sobre juro, dá quase 30% ao ano. Então a minha pergunta é a seguinte: como é que um cara que ganha 2.000 reais, que pega 1.000 no crédito consignado pra pagar 30% ao ano, e eu tô emprestando um dinheiro pros grandes a 10% ao ano. O deles também é caro, eu quero deixar claro, o deles também é caro, mas isso aqui é triplamente caro”, declarou Lula.
Na sequência, o presidente disse que vai conversar com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e com os presidentes dos bancos para saber “como é que a gente tá levando o povo pobre nisso”.
“A gente tá dando como garantia a folha de pagamento e a gente ainda paga mais caro do que paga o empresário pelo empréstimo? O cara vai no BNDES e pega empréstimo a 14% ao ano. É muito caro. É muito caro. É um roubo. Mas é metade do que paga o crédito consignado, que dá garantia. Esse aqui não tem como dar cano, porque esse aqui desconta na folha”, concluiu.