Trump repete Lula em manobra inconstitucional e ilusória no Banco Central
Casa Branca confirma que estuda demitir Jerome Powell; manobra que também foi considerada por Lula eleva insegurança política e jurídica

O presidente americano Donald Trump ainda estuda manobras para remover Jerome Powell da presidência do Federal Reserve (Fed), o Banco Central americano. A informação foi confirmada pela própria Casa Branca por meio de Kevin Hassett, assessor econômico do republicano. “O presidente e sua equipe continuarão a estudar o assunto”, disse Hassett a repórteres na Casa Branca em resposta a uma pergunta.
Assim como no Brasil, o Banco Central americano é uma instituição autônoma e independente — o que impede o Executivo de demitir, remover ou mesmo afastar o seu presidente do cargo.
Na última quinta-feira, 17, o presidente americano chamou Powell de “muito atrasado e errado” em rede social e deixou subentendido que tentaria demiti-lo do Fed. “Powell deveria ter reduzido os juros, como fez o BCE (Banco Central Europeu), há muito tempo, mas certamente deveria fazê-lo agora. Sua demissão não pode acontecer rápido o suficiente!”, escreveu.
A manobra estudada pela equipe de Trump é inconstitucional e distorcida. Remover o presidente do Banco Central não vai melhorar a economia, pelo contrário, é um ato rejeitado pelo mercado e que faz aumentar a insegurança política e jurídica de um país.
No Brasil, a bolsa desabou e o dólar subiu quando o presidente Lula se referiu a Roberto Campos Neto, então presidente do BC, como “esse cidadão” e ameaçou rever a autonomia da instituição para tentar indicar um novo chefe à autarquia. Cortar os juros “na marra” é uma velha estratégia de líderes populistas que representa um tiro no pé porque provoca mais inflação e corrói o poder de compra da população a longo prazo.