Preço da picanha não deve ceder e pode criar saia justa para Lula
Cenário de economistas é de aumento de preços por causa de oferta menor e maior número de exportações; dólar alto também afeta negativamente

O preço das carnes — e da picanha — não deve cair tão cedo no Brasil por uma combinação de fatores. A valorização do dólar perante o real estimula um aumento nas exportações e deve diminuir a oferta de carne vermelha para o mercado. Para piorar, a valorização da arroba do boi foi de 48% somente no último trimestre de 2024 — quando o repasse para o consumidor foi de 15%, segundo o IPCA. Em outras palavras, haverá um maior ímpeto nas exportações por causa de uma redução da oferta global de carne entre os principais países produtores e pela possibilidade de expansão das exportações brasileiras para novos mercados.
“O maior ímpeto de exportações tende a reduzir a oferta de carne no mercado doméstico e pressionar a inflação no varejo alimentar. Acreditamos que, embora o preço dos cortes de carne vermelha já tenha se elevado de maneira robusta na cesta de produtos do consumidor, se olharmos para a valorização, ela foi de menor intensidade que o preço da arroba do gado”, escrevem os analistas da Genial Investimentos em relatório enviado a clientes.
“Portanto, acreditamos que em 2025 novos repasses de preço da carne virão, mas, ainda assim, o aumento integral do custo do gado não será totalmente repassado para o consumidor. Mesmo que o repasse não seja integral, esses fatores devem intensificar a inflação alimentar, reduzindo o poder de compra dos consumidores e estimulando o trade down para proteínas mais acessíveis, como frango, suínos e processados”, concluem. O cenário cria uma saia justa e um problemão para o governo Lula. O presidente tem prometido que vai se reunir com os produtores e que a inflação no país está sob controle, ainda que os economistas digam o contrário.