O famoso serviço de proteção ao crédito agora é uma startup
Boa Vista, que opera o SCPC, começou a mudar com o IPO em setembro do ano passado, mas investidores ainda não compraram a ideia e ações caem cerca de 20%

O Boa Vista é uma empresa de informações de crédito conhecida popularmente pelos brasileiros como uma versão do serviço de proteção ao crédito, e que é concorrente do Serasa. A sigla correta do Boa Vista, na verdade, é SCPC, serviço central de proteção ao crédito, mas o público em geral não diferencia muito do SPC, um outro concorrente que tem o nome de SPC Brasil. Desde que fez IPO, em setembro do ano passado, a empresa quer virar uma empresa de tecnologia de dados. Comprou duas startups até agora e o plano é usar 95% dos mais de 2 bilhões de reais que arrecadou no IPO para compra de outras empresas de tecnologia, e 20 já estão sendo analisadas segundo o diretor do Centro de Excelência em Analytics, Elmer Dotti.
Dotti, um engenheiro formado no ITA, chegou à empresa logo após a oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) e a sua área, recém-criada, está liderando a jornada tecnológica com cerca de 100 funcionários. Em poucos meses, os produtos já estão na prateleira e, na parte de crédito, a empresa passou a oferecer soluções que reduziram em 41% o tempo para aprovação de empréstimos e fez cair a inadimplência em 39%. O segredo é bastante simples: uma análise mais detalhada de uma base de dados de 60 anos por meio dos algoritmos criados pela empresa. A capacidade de produção de soluções de dados do Boa Vista passou de 4 meses para uma semana. A cada ano serão 52 novas soluções integradas à base de dados. O Boa Vista também já tem uma solução para o open banking do Banco Central, o sistema que vai permitir que as pessoas levem seus dados para onde quiserem.
Assim como os grandes bancos estão tendo que se reinventar com tantas startups tomando a dianteira da tecnologia e revolucionando o mercado, o Boa Vista também parece que acordou. Os investidores, por enquanto, não parecem tão confiantes na estratégia da empresa. Desde o IPO, a ações do Boa Vista caíram cerca de 20% na bolsa de valores.
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*Correção: Para melhor esclarecimento ao leitor, atualizamos o texto para deixar claro que o Boa Vista é diferente do SPC Brasil.