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O efeito Lula 2002 no dólar pode se repetir em 2022?

Apesar da instabilidade política e econômica da crise da Covid-19, dólar não atingiu o valor real de 2002; para analistas, recorde dificilmente será batido

Por Carlos Valim 9 jun 2021, 10h00

A corrida eleitoral de 2002 trouxe um recorde ainda não batido nos tempos do real. Em outubro daquele ano, quando a vitória presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva se desenhava, o mercado entrou em modo de nervosismo e o dólar disparou, atingindo 3,95 reais, na média mensal. Isso pode parecer pouco agora, na crise da Covid-19, em que o Brasil convive com um patamar acima dos 5 reais. Em meio aos problemas políticos com a saída do ex-ministro Sergio Moro do governo, no mês de maio de 2020, o dólar rondou a média mensal recorde de 5,88 reais.

No entanto, considerando a evolução das taxas de inflação americana e brasileira desde 2002, a cotação da época equivaleria a atuais 7,88 reais, exatos 2 reais a mais do que o recorde nominal recente, segundo contas feitas pela consultoria GO Associados para VEJA. Com esse histórico, a questão que os analistas de câmbio consideram é se algo similar pode acontecer no período das eleições de 2022, já que, depois de Lula voltar a ser elegível, ela pode ser altamente polarizada entre o ex-presidente e o atual mandatário, Jair Bolsonaro.

Nesse contexto, o valor real do dólar poderia voltar ao nível de 7,88 reais? “É uma boa pergunta. Em geral, anos eleitorais são mais voláteis para a economia e o acirramento causado pelas eleições poderia gerar ruídos que aumentem as percepções de risco”, analisa Gesner Oliveira, fundador da GO Associados. “Mas, a meu ver esse cenário de um novo risco Lula não vai acontecer, porque a história se repete como farsa. Hoje, Lula é conhecido. Na época, era um desconhecido e havia muitos temores de uma guinada na política econômica, que vinha sendo conduzida pelo Pedro Malan (ministro da Fazenda do governo de Fernando Henrique Cardoso), o que não aconteceu.”

Segundo uma pesquisa feita por VEJA com 50 analistas de bancos, outras instituições financeiras e casas de análise, a tendência é de o dólar chegar ao fim do período eleitoral entre a faixa de 5 e 6 reais, como tem se mantido no últimos meses</a> — mesmo que a tendência de curto prazo é de mais queda da cotação, até para baixo dos 5 reais. Já de acordo com o Boletim Focus, do Banco Central, que coleta semanalmente informações do mercado, a previsão atual é que o dólar esteja a 5,30 reais ao fim de 2022.

Há ainda a tese no mercado de que, se um candidato da terceira via não aparecer, tanto Lula na esquerda quanto Bolsonaro na direita, terão de acenar ao centro para conseguirem se eleger. “Esse movimento vai moderar eventuais propostas, políticas e formação de equipe, o tipo de coisa que é importante para o mercado. Claro que essa é uma tese que ainda precisa se confirmar”, diz Tony Volpon, estrategista-chefe da Wealth High Governance (WHG) e ex-diretor de assuntos internacionais do Banco Central. “Isso tornaria o período eleitoral menos estressado, de uma forma que ajudaria na recuperação do real”, diz ele. É preciso uma bola de cristal para acertar movimentos de câmbio, mas quanto menos incertezas, para o mercado, é melhor.

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+Para onde esse dólar vai

 

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