Governo negocia compra da CoronaVac e SP pode abrir mão de plano estadual
Governo federal e Instituto Butantan já trocaram mensagens, deflagrando a negociação das vacinas
O governo federal, além de incluir a CoronaVac — a vacina chinesa contra a Covid-19 desenvolvida pelo laboratório Sinovac em parceria com o Instituto Butantan — em seu plano de vacinação, iniciou conversas com o governo do estado de São Paulo para adquirir as doses que ficarão disponíveis no começo do ano. O Butantan confirmou ao Radar Econômico que foi consultado pelo Ministério da Saúde e que respondeu positivamente nesta quarta-feira, 16.
Além disso, afirma que o plano estadual de vacinação poderá ser deixado de lado caso o Ministério da Saúde defina a compra das doses da CoronaVac, entregando assim, toda a produção para o governo federal.
Há também uma nova informação em relação ao cronograma do desenvolvimento da vacina do Butantan. No próximo dia 23 de dezembro, o instituto entregará a Anvisa o relatório completo sobre os testes da fase três do antígeno, e não mais um relatório preliminar, como estava planejado. O governo do estado ainda prevê o início da vacina no dia 25 de janeiro.
Alguns pontos precisam ser definidos ainda, segundo uma fonte próxima ao governo João Doria relatou ao Radar Econômico. O Ministério da Saúde foi requisitado a dar uma contrapartida financeira ao Instituto Butantan para que as doses fossem fabricadas. Isso está longe de estar definido. Pelo início das conversas, o governo federal compraria as doses por um preço negociado, mas não subsidiaria a produção, como fez com a FioCruz.
Apesar dos pontos abertos, a conversa representa um avanço em relação às últimas semanas, quando o governo federal aparentava rechaçar qualquer possibilidade de distribuir a CoronaVac.
O Instituto Butantan enviou uma nota ao Radar Econômico, a qual você lê, abaixo, na íntegra:
O Instituto Butantan informa que, em resposta ao Ministério da Saúde, encaminhou nesta quarta-feira (16) proposta para fornecimento de doses da vacina contra coronavírus ao Programa Nacional de Imunizações (PNI) a partir de janeiro de 2021.
O fornecimento das doses pelo Butantan, caso a pasta federal concorde em adquiri-las, ocorrerá tão logo seja definida a situação de registro da vacina pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).
O Butantan seguirá importando e produzindo a vacina, enquanto aguarda sua efetiva incorporação ao Programa Nacional de Imunizações (PNI). No próximo dia 23 de dezembro, em atendimento a uma recomendação do comitê internacional independente que acompanha a pesquisa desenvolvida em parceria entre o Butantan e a biofarmacêutica Sinovac, deverão ser apresentados os resultados finais de segurança e eficiência. Assim, o instituto entregará um estudo conclusivo, e não preliminar como o previsto anteriormente, o que possibilitará o envio, à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e à National Medical Products Administration, da China, do pedido de registro definitivo da vacina, facilitando e agilizando o processo.
Plano Estadual
O Plano Estadual de Imunização (PEI) de São Paulo contra a COVID-19 foi elaborado diante do compromisso do Governo do Estado de salvar vidas e priorizar a segurança da população. A expectativa é que a vacina do Butantan seja utilizada na estratégia de vacinação de forma gratuita, pelo SUS, após a devida aprovação pela Anvisa. O PEI de São Paulo está pronto para ser colocado em prática em 25 de janeiro. Porém, em caso de definição do PNI, São Paulo seguirá as orientações para as estratégias de vacinação, com definição de grupos prioritários e faseamento.
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