Fundos sul-africanos processam Vale e seus executivos por Brumadinho
Em nova empreitada judicial nos Estados Unidos, investidores dizem que executivos fizeram falsas afirmações ao dizer que suas barragens eram seguras
Os fundos da gestora Orbis Investment, que administra 37 bilhões de dólares e que foi fundada pelo sul-africano Allan Gray, entraram com um processo na Justiça americana contra a Vale e seus diretores pedindo ressarcimento das perdas que tiveram com a desvalorização das ações após a tragédia de Brumadinho.
De acordo com a inicial do processo, a qual o Radar Econômico teve acesso, os fundos alegam que repetidamente a empresa informava aos investidores que suas barragens eram seguras e diziam em seus relatórios de sustentabilidade e eventos com investidores que seus lemas eram que “ A vida é mais importante ” e que queriam “premiar nosso planeta”, e que a partir desses valores haviam alcançado patamares mais elevados de sustentabilidade. Os fundos lembram que Schwartsman, o então presidente da Vale, repetia um mantra: “Mariana, nunca mais”. Em 2019, no entanto, apenas quatro anos depois de Mariana, estourou a barragem de Brumadinho deixando 270 pessoas mortas.
Os fundos dizem que as afirmações dos executivos eram falsas já que o próprio relatório de investigação independente da Vale teria mostrado que pelo menos desde 2003, a Vale tinha informações que indicavam a fragilidade da barragem. Além disso, os investidores também lembram que a própria SEC, a CVM americana, informou há um mês, em outubro, que vai investigar a atuação da empresa e seus diretores no caso. Os fundos Orbis dizem que as perdas no mercado chegaram a quase 30% dias após o estouro da barragem, mas não informa o tamanho das suas perdas.
O processo foi protocolado na Justiça em Nova York no último dia 24 de novembro e é contra a Vale, os ex-presidentes Murilo Ferreira e Fabio Schvarstsman, os vice-presidentes Luciano Pires e Luiz Eduardo Osorio e ainda o ex-diretor Peter Poppinga.