Afya aprende lição na pandemia de Covid-19 e dobra de tamanho
Com dinheiro em caixa após IPO nos EUA, empresa investiu na digitalização, comprou diversos ativos e promete mais para 2022
A pandemia de Covid-19 colocou diversos setores da economia de joelhos. O da educação foi um deles. Em meio a um ambiente de incerteza elevada, a Afya, principal companhia de educação médica no país, fez duas apostas: investiu na digitalização dos serviços para profissionais de medicina e, para evitar a evasão de seus alunos, concedeu melhores condições de negociação. Deu certo, o que a garantiu um importante fluxo de caixa em 2021. Para este ano, o plano é retomar a expansão dos cursos de educação continuada (ou pós-graduação), por onde, hoje, atua em 11 capitais brasileiras.
“A pandemia desafiou os profissionais da medicina a terem um suporte digital. Por isso, a gente acelerou a nossa estratégia de montar um ecossistema que os apoiassem ao longo dessa jornada. Fizemos um marketplace para agendamento de consultas, que facilita a busca por pacientes, auxilia na prescrição, na gestão dos consultórios para a compra de remédios, além de ser uma interface com seguradoras e planos de saúde, possibilitando, inclusive, a antecipação de recebíveis”, diz o CEO da Afya, Virgilio Gibbon. “Hoje, a Afya já tem cerca de 240 mil médicos consumindo de forma recorrente esses serviços. Isso é cerca de 35% da base de profissionais da área médica do Brasil”. Ele conta que a empresa dobrou de tamanho durante a pandemia, passando de 4 mil funcionários para 8,5 mil.
Essa expansão dos serviços só foi possível porque desde 2020, a Afya adquiriu nove healthtechs, além de importantes aquisições na área da educação, como a Unigranrio, arrematada por 700 milhões de reais. Ao todo, foram investidos 2,1 bilhões de reais em 12 ativos. “A nossa estratégia combina crescimento orgânico com crescimento inorgânico, através de aquisições. Com o IPO de 2019, nós tínhamos um capital para ser usado em aquisições. A ideia para 2022 é continuar ativo nesse sentido, de olho em novas vagas de medicina. A gente quer acrescentar em torno de 200 vagas por ano”, projeta Gibbon.
Com 25 cursos de graduação e cerca de 18 mil alunos, Gibbon destaca a atuação da empresa na pandemia para mitigar a evasão de estudantes. “A nossa decisão foi de não dar descontos. O que a gente fez foi parcelar a semestralidade do aluno, dando crédito para ele pagar em até 18 meses. Isso se refletiu em uma geração de caixa muito acima do resultado operacional em 2021”, diz o executivo. “A gente tem cinco unidades de graduação médica em reta final para aprovação no MEC. Esperamos, com isso, a ampliação de 250 vagas ao longo de 2022. Até 2026, a gente estima um crescimento da nossa base em termos de volume de alunos em cerca de 10%, só com a maturação dessa base.”
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