Lula X BC: sem apoio no mercado para intervir nas taxas de juro
Economistas renomados que assinaram a carta pela democracia e votaram em Lula nas eleições passadas discordam da batalha do presidente contra o BC
O novo governo tem pouco mais de um mês, e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva já coleciona várias batalhas. O alvo preferencial nos últimos dias tem sido a independência do Banco Central na fixação da taxa básica de juros – cujo nível (13,75% ao ano) foi classificado por ele como “sem explicação” e uma “vergonha” para o País. A coluna foi ouvir economistas que, mesmo não sendo petistas, votaram em Lula nas eleições do ano passado em nome da democracia. E a posição foi unânime: juros altos servem para deter a inflação.
Pior: a cada nova investida do presidente contra o BC, maior a insegurança no mercado sobre o risco de uma intervenção na política monetária e, por tabela, mais alto é o prêmio cobrado pelo investidor que compra os papéis do governo e refinancia a dívida pública. “O Lula está redondamente equivocado”, afirma um desses economistas.
Pode parecer retórica. Mas não é. Um deles argumenta: “O Banco Central pode fixar a taxa de juros no nível que quiser”. “Nas condições de hoje, uma redução aumentaria a inflação”, completa. “Simples assim”, corrobora outro. “Político não entende nada de teoria monetária do Banco Central”, afirma outro economista, se referindo também ao vice-presidente Geraldo Alckmin que encampou essa batalha de Lula contra a alta dos juros.
Lula não foi o primeiro a se bater contra os juros altos. Antes dele, Bolsonaro, Dilma e até Fernando Henrique Cardoso já haviam comprado essa briga, para que as taxas fossem mais baixas e o crédito voltasse a irrigar indústria e comércio para a recuperação da economia. Por enquanto, os gritos do presidente Lula não ecoam no mercado especializado.