Fundos de venture capital ainda valem a pena?
Especialistas falam que esses fundos de investimento em startups, micro e pequenas empresas não devem se recuperar nem em 2024
Badalados em outros tempos, os fundos de venture capital conquistaram uma legião de defensores. Para quem não sabe, esses fundos investem em empresas normalmente iniciantes, e o melhor exemplo disso são as startups. Mas será que eles ainda valem a pena? Para especialistas ouvidos pela coluna, a resposta é não. E essa perspectiva negativa deve se arrastar pelo menos até 2024. Redução do volume de novos aportes, incerteza econômica (aqui e no mercado internacional) e a maior seletividade dos investidores estão entre os principais motivos para isso. “O termômetro é olhar o mercado de Bolsa [de Valores] ou de private equity antes que ainda não está com cara boa”, afirma um banqueiro. “Isso porque estamos basicamente vivendo um fenômeno de juros altos dos Estados Unidos”, completa ele.
O recuo do mercado não é coisa só do Brasil – que, aliás, concentrou quase metade de todos os aportes de risco feitos em 2022. Pesquisa da KPMG mostrou que o investimento global em venture capital caiu 67,7% no primeiro trimestre deste ano, para US$ 57 bilhões (o equivalente a R$ 290 bilhões), o menor patamar em seis anos para o período. A avaliação dos especialistas também considera que:
- Redução no volume de investimentos: a cada trimestre desde o 2.º trimestre de 2021, a América Latina perde, em média, US$ 1,6 bilhão em volume de capital de risco;
- Incerteza econômica: aqui, entram na conta fatores como inflação, juros altos nos Estados Unidos (que impactam o mercado de private equity e a Bolsa de Valores) e os desdobramentos da nova guerra no Oriente Médio. Tudo isso não deve desaparecer no curto prazo;
- Retração no mercado de venture capital: em 2022, houve uma retração no mercado de venture capital no Brasil, principalmente para as startups mais avançadas na trilha do venture capital (série C+), como as chamadas late stages. Isso pode ser atribuído a fatores como avaliações de empresas de tecnologia públicas em queda e um mercado de IPOs praticamente fechado; e
- Maior seletividade dos investidores: os investidores estão mais seletivos e exigentes em relação aos projetos em que investem. Não basta só a promessa de um lucro maravilhoso no futuro distante: novos negócios devem gerar resultados já no seu início. Claro que isso pode atrapalhar a vida de algumas empresas na hora de correr atrás de novos financiamentos.
Enfim, todo cuidado é pouco.