Assine VEJA por R$2,00/semana
Imagem Blog

Murillo de Aragão Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO

Por Murillo de Aragão
Continua após publicidade

A questão do 5G e o Brasil

A definição da tecnologia deve ir além do debate ideológico

Por Murillo de Aragão Atualizado em 21 dez 2020, 16h16 - Publicado em 18 dez 2020, 06h00

O Brasil se aproxima de tomar uma decisão sobre que sistema de 5G deve adotar. A escolha vai além das questões tecnológicas e de custo. O ambiente de decisão é complexo e tumultuado por razões externas e internas.

Internamente, o debate sobre a escolha do 5G está sendo afetado pelo “bolsocentrismo” de setores da opinião pública, que atuam na linha de que, se o presidente Jair Bolsonaro é a favor, devemos ser contra.

Assim, aquilo que deveria ser decidido com base no interesse nacional passou a ser influenciado por posições políticas e eleitorais. Ainda que, na prática, o governo não tenha tomado nenhuma decisão.

No ambiente externo, apesar do imenso peso geopolítico da escolha, o tema não é objeto de tanta hesitação. Na Europa, 26 países num total de 27 optaram por não usar o sistema chinês. Entre as vinte maiores economias do mundo, a maioria esmagadora foi pelo mesmo caminho. Assim como quase 100% dos países da Otan e mais de 90% dos países-membros da OCDE.

Continua após a publicidade

No âmbito dos bancos centrais, a questão está sendo analisada da perspectiva do lançamento de moedas digitais oficiais, suscitando reflexões sobre segurança e privacidade das redes nas quais as operações transitarão. E players importantes do sistema financeiro entendem que os padrões estabelecidos pelo protocolo do Clean Network e pelo EU 5G Clean Toolbox seriam os mais adequados na adoção do 5G.

“A escolha terá papel crítico na competitividade, privacidade e segurança da informação no país”

Mas é fato que governos europeus de todos os matizes ideológicos tomaram a mesma decisão. Tanto por razões tecnológicas quanto por motivos de segurança e privacidade. O mundo financeiro internacional deverá tomar decisão semelhante, com a emissão de moedas digitais pelos bancos centrais das principais economias do mundo.

Continua após a publicidade

Como dito no início, a escolha do 5G vai além do debate ideológico entre duas potências, que não levarão em consideração apenas aspectos geopolíticos ou diplomáticos. A economia mundial avalia com cuidado as questões de privacidade, transparência, compliance e integridade de informações. E, sobretudo, o nível de responsabilidade por parte de quem provê a infraestrutura do sistema.

O sistema 5G em nosso país pode ter o condão de estimular o crescimento da economia em mais de 1 ponto do PIB, a partir da aceleração das comunicações. Isso porque permitirá níveis sem precedentes de conectividade com impacto decisivo na indústria, no transporte, na saúde, no sistema financeiro e nos serviços públicos.

No entanto, o debate no Brasil está limitado. O eco das preocupações do sistema financeiro com o problema ainda não chegou por aqui. Tampouco houve uma reflexão maior sobre as razões da decisão europeia de descartar a oferta chinesa. É certo considerar, porém, que a escolha terá papel crítico em questões de competitividade, propriedade intelectual, privacidade e segurança da informação em nosso país.

Continua após a publicidade

No fim das contas, os agentes que trazem dinamismo, emprego e renda a nossa economia preferem uma rede 5G sem mistérios e sem possibilidade de interferência direta de governos, sejam eles quais forem. Bem como os indivíduos que prezam a própria intimidade.

Publicado em VEJA de 23 de dezembro de 2020, edição nº 2718

ATUALIZAÇÃO: Depois da publicação do artigo, a Huawei enviou a VEJA a nota abaixo:

Continua após a publicidade

“O artigo do colunista Murillo de Aragão, publicado na última edição de Veja, cometeu imprecisões sobre a adoção da tecnologia 5G, que se somam a argumentos infundados em relação às qualidades e características do sistema. Cumpre, portanto, esclarecer:

1) É incorreto afirmar que “na Europa, 26 países em um total de 27 optaram por não usar o sistema chinês”, uma referência que remete à Huawei. Na verdade, quase 40% dos países da União Européia ainda não tomaram decisões sobre o 5G e atualmente mais de 60% já adotaram o sistema da Huawei.

2) Da mesma forma, é inverídica a afirmação de que a “maioria esmagadora das 20 maiores economias do mundo” não utiliza a empresa no 5G. O fato é que 55% das maiores economias já adotaram o 5G da Huawei, enquanto há ainda um número elevado de países do grupo sem decisão formada sobre o assunto. Dados de representatividade similar podem ser obtidos dentre os países integrantes da OCDE e Otan.

Continua após a publicidade

3) A iniciativa Clean Network não possui nenhum protocolo-padrão a seguir, como afirma o texto. Não há critério técnico objetivo previsto pela iniciativa, que foi unilateralmente definida pelos Estados Unidos com objetivo discriminatório contra todas as empresas chinesas de tecnologia, e não apenas a Huawei. Além disso, não existe uma EU 5G “Clean” Toolbox, apenas a EU 5G Toolbox. A União Européia produziu o documento pra tecnicamente inferir sobre riscos e definir medidas de segurança das redes 5G. A EU 5G Toolbox e a Clean Network são iniciativas completamente diferentes em princípios e objetivos.

4) A Huawei concorda que a escolha do melhor sistema 5G deve ser racional, com base em critérios técnicos e objetivos, sem discriminação a qualquer empresa para a segurança e benefício de todo o ecossistema digital. No entanto, e infelizmente, o debate tem sido carregado de ideologia. Os dados imprecisos e equivocados do artigo do colunista devem provavelmente ter sido induzidos por terceiros, como declarações de autoridades norte-americanas e/ou competidores com interesses particulares na criação de restrições à Huawei.

5) Por fim, é importante salientar que a Huawei está no Brasil há 22 anos e, durante esse tempo, segue as leis emanadas pelo País e respeita a soberania brasileira. A empresa é 100% privada e emprega mais de 1,2 mil funcionários diretos e outros 15 mil indiretos em território nacional. A companhia opera desde o início da criação da infraestrutura de banda larga fixa e móvel (4.5G, 4G, 3G e 2G) no País, e espera contribuir ainda mais na construção de um grande futuro para o Brasil, diante das enormes possibilidades da tecnologia 5G.

Respeitosamente,

Huawei Brasil”

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.