Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana
Imagem Blog

Murillo de Aragão

Por Murillo de Aragão Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Continua após publicidade

A bala de ouro

O sucesso do governo depende da confiabilidade do marco fiscal

Por Murillo de Aragão Atualizado em 4 jun 2024, 11h05 - Publicado em 2 abr 2023, 08h00

A ministra Simone Tebet, do Planejamento e Orçamento, disse no encontro Arko Conference que a reforma tributária é a bala de prata para destravar o desenvolvimento no país. Por sua vez, o vice-­presidente da República, Geraldo Alckmin, afirmou o mesmo em outro evento em Brasília.

Sem desvalorizar a reforma tributária, tema do qual já tratei aqui, temos a esperada aprovação do marco fiscal apresentado no dia 30 de março como a bala de ouro para, de forma clara, balizar o gasto público no Brasil e assegurar credibilidade fiscal ao governo.

Quando escrevi esta coluna, o novo marco fiscal ainda não havia sido divulgado. Assim, corro o risco de antecipar opiniões sobre uma proposta que não conhecemos por completo. Temos, porém, algumas certezas e pistas. O governo emitiu sinais de que a nova âncora seria pautada pelo princípio de que o Estado não pode gastar mais do que arrecada.

O novo arcabouço prevê um mecanismo de ajuste das contas públicas no caso de não atendimento às normas a serem estabelecidas. A regra combinaria gasto com a meta de superávit primário. Além disso, há previsão de zerar o déficit primário em 2024, conforme antecipou Tebet. Ao se manifestar sobre o tema, ela disse que a nova regra não incluirá exceções, mas permitirá um pouco mais de gastos em situações graves. O dilema é como conciliar uma situação fiscal em deterioração, a necessidade de maior gasto em áreas críticas e, ainda assim, criar uma expectativa de redução da dívida pública.

“O governo e o Congresso terão que propor cortes e redirecionar gastos. É aí que mora o perigo”

Continua após a publicidade

Para seguir esse princípio, o governo e o Congresso Nacional terão de propor cortes e redirecionar gastos, além de estabelecer com clareza o que fica dentro e o que fica fora do novo marco. Aí é que mora o perigo. A escolha do que fica fora pode ser a diferença entre o sucesso e o fracasso da proposta. Sem duvidar das boas intenções da equipe econômica e das lideranças do Congresso, resta saber se, no fim das contas, o resultado será positivo, já que, politicamente, a questão é complexa.

A equipe econômica — que busca uma abordagem pragmática para o tema — sofre com o “fogo amigo”. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, cujo empenho em trazer credibilidade e previsibilidade para a economia é evidente, enfrenta resistências internas. Críticas contundentes por parte de protagonistas do mundo político à equipe econômica e ao Banco Central atrapalham muito. No Congresso, a oposição vai lutar para dar menos espaço fiscal para os gastos do governo. Enfim, teremos um sério embate de posições sob o olhar atento do mercado financeiro.

Entre a cruz e a caldeirinha, a equipe econômica vai enfrentar várias escolhas de Sofia: agradar ao público interno do governo e ao PT mas desagradar ao mercado; resistir às opiniões do Congresso ou conciliar-se com as forças predominantes lá representadas. E além disso precisa provocar boas expectativas junto aos agentes econômicos, entre alguns outros dilemas. No entanto, caso a bala de ouro seja desperdiçada, muita munição terá de ser gasta para remediar a situação. Tanto para promover a credibilidade fiscal do governo quanto para evitar uma grave e generalizada crise de confiança na economia.

Publicado em VEJA de 5 de abril de 2023, edição nº 2835

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (menos de R$10 por revista)

a partir de 39,96/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.