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Por Marcos Fava Neves
De alimentos a energia renovável, análises sobre o agronegócio
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Graças ao agro, Brasil alcança recorde na balança comercial em 2023

Responsável por metade das exportações, setor desempenhou papel crucial no saldo brasileiro

Por Marcos Fava Neves
11 jan 2024, 16h42

A Secretaria de Comércio Exterior (Secex) divulgou os dados da balança comercial do Brasil em 2023. Ao todo, o Brasil exportou US$ 339,7 bilhões, uma alta de 1,7% em comparação com 2022. Do lado das importações, foram US$ 240,9 bilhões, 11,7% inferiores. Como resultado, temos o saldo da balança comercial, um importante indicador econômico que demonstra o volume financeiro que entra no país, trazendo dólares para a economia e fortalecendo a moeda, gerando investimentos e oportunidades em muitas áreas. Em 2023, a balança registrou superávit de US$ 98,8 bilhões, alta anual de mais de 60,6% e o maior valor já registrado, em uma série histórica que teve início em 1989, resultado positivo diante do contexto econômico global, pois os preços dos produtos vendidos registraram queda de 8,8%, enquanto os volumes cresceram 8,7%, conquistando participação de mercado. Qual o setor que mais contribuiu para estes resultados? Sim, o agronegócio.

As exportações do agro fecharam em pouco mais de US$ 165 bilhões, crescimento nominal de 3,9% em relação a 2022, o que corresponde a quase metade de toda a receita acumulada pelo Brasil no ano passado. Chama ainda mais atenção o superávit do agro, já que o saldo deve fechar em torno de US$ 150 bilhões. Isso demonstra que, sem o agro, o Brasil sairia de um saldo (e recorde) de quase US$ 100 bilhões, para um negativo (déficit) de US$ 50 bilhões.

Exportou-se quase 102 milhões de toneladas de soja, praticamente 30% a mais que ano passado, recorde histórico, com preços cerca de 12% menores. Em carne de frango foram 4,9 milhões de toneladas, crescimento em volume de 7,6% com preços 9% menores. Na carne bovina foram 2 milhões de toneladas, praticamente o mesmo volume, mas com preços 20% menores. A carne suína também aumentou 7,3% em volume (1,1 milhão de toneladas), e teve a sorte de ter praticamente os mesmos preços. Somando o açúcar bruto e refinado (31,35 milhões de toneladas) teve-se um crescimento de volumes de 12 e 40% respectivamente e de preços de 24 e 19% respectivamente, sendo o grande ganhador do ano. E vale destacar o milho, que com crescimento em volume de quase 30%, mesmo com preço 13% menor, chegou ao recorde de quase 56 milhões de toneladas, alcançando a liderança mundial com praticamente 30% de participação nas importações do planeta.

Uma boa notícia para o setor foi a confirmação da queda nos custos dos fertilizantes, insumo pelo qual o Brasil ainda depende, em grande parte, das importações. Em 2023, os preços caíram 44,9%, o que gerou um aumento de 7,5% nos volumes importados, garantindo maior disponibilidade para a safra em andamento e, como consequência, para a oferta de produtos e um novo desempenho das exportações no próximo ano.

Os principais compradores do Brasil em 2023 incluem a China (31,1%), União Europeia (13,6%), Estados Unidos (10,8%), Sudeste Asiático (7,2%) e Mercosul (6,9%). No caso da China, nosso principal parceiro comercial, as compras do Brasil superaram os US$ 100 bilhões pela primeira vez na história. Vale ressaltar que o país asiático é o principal destino de produtos do agro como a soja (60%), a carne bovina (55%) e outros.

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Para 2024, a expectativa é de que o Brasil exporte US$ 348 bilhões, uma alta 2,4%, mesmo diante de um cenário desafiador em relação a preços e incertezas na oferta e demanda de alguns produtos. Para o agro, depende de como serão os resultados da safra 2023/24 em andamento, que enfrenta problemas climáticos, mas é possível.

As receitas geradas pelo agronegócio brasileiro exercem um papel crucial na estabilidade econômica do país, ao gerar um saldo que é capaz de sustentar os desempenhos inferiores de outros segmentos. A exportação dos agroprodutos não só eleva a renda nacional, mas também contribui para criação de empregos, controle da inflação, melhorias em infraestrutura e desenvolvimento socioeconômico; além, é claro, do importante papel de contribuir para garantia da segurança alimentar global. A diversificação dos produtos exportados destaca o agronegócio como um pilar seguro da economia nacional. O Brasil deve crescer cada vez mais na exportação das commodities e fortalecer as exportações de produtos já prontos para o consumo final, que também tem crescido, com maior agregação de valor.

 

Marcos Fava Neves é professor Titular (em tempo parcial) das Faculdades de Administração da USP (Ribeirão Preto – SP) da FGV (São Paulo – SP) e fundador da Harven Agribusiness School (Ribeirão Preto – SP). É especialista em Planejamento Estratégico do Agronegócio. Confira textos e outros materiais em harvenschool.com e veja os vídeos no Youtube (Marcos Fava Neves). Agradecimentos a Vinicius Cambaúva e Rafael Rosalino.

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