As possibilidades de ampliação e diversificação das exportações do agro
Cada vez mais o setor tem exportado tecnologias, serviços e produtos embalados

O agronegócio é um dos pilares da economia brasileira e mundial, garantindo o abastecimento de alimentos, insumos e produtos para diferentes países. Nos últimos anos, as exportações têm se diversificado, indo além da tradicional venda das commodities. Essa diversificação reflete não apenas a evolução do setor, mas também as novas demandas dos mais variados mercados, que buscam produtos sustentáveis e com alto valor agregado, além das tecnologias geradas no Brasil. É uma grande diversidade de produtos e/ou serviços que são exportados ao mundo pelo agro brasileiro.
A principal categoria, em termos de volume e renda para o agro brasileiro é de alimentos (1). Atualmente, o Brasil é líder no comércio global de soja, carne bovina, carne de frango, suco de laranja, café e açúcar, além de 2º no milho. Um estudo da Embrapa mostrou que o setor é responsável por alimentar 800 milhões de pessoas.
Outro segmento é o de agroprodutos (2), que incluem: algodão, fumo, couro, papel e celulose e outros. São commodities pouco lembradas pela população em geral, mas que abastecem indústrias têxteis, de embalagens, fumo, vestuário e outras. No setor de bioenergia (3), o país se destaca na produção e exportação de etanol, atrás somente dos Estados Unidos. Na subcategoria do etanol de cana, o Brasil dispara como líder, já que outros países tradicionalmente produzem etanol a partir do milho ou da beterraba. O Brasil ainda tem o biodiesel, bioeletricidade, que ampliam o uso de fontes renováveis na matriz energética global. E quem deve crescer também é o biocombustível de aviação.
A exportação de produtos embalados (4) ou industrializados tem ganho relevância no agronegócio brasileiro, agregando valor aos produtos e ampliando o alcance de marcas nacionais. Exemplos como cafés especiais, chocolates, carnes processadas, azeites, doces e confeitos, produtos à base de frutas, entre outros conquistam mercados exigentes mundo afora indo direto para as gôndolas. Além da exportação direta, modelos como global sourcing e marketplaces facilitam a comercialização, conectando empresas brasileiras a consumidores internacionais. Segundo a ABIA (Associação Brasileira da Indústria de Alimentos), o faturamento do setor com vendas externas somou US$ 66,3 bilhões em 2024, crescimento de 6,6%, o que coloca o Brasil como líder mundial nas exportações de alimentos industrializados. Os maiores itens da lista são as carnes processadas (US$ 26,2 bilhões), produtos do açúcar (US$ 18,9 bilhões); e óleos e outros derivados da soja (US$ 10,7 bilhões).
O Brasil não exporta somente produtos ou alimentos. Uma tendência crescente no mundo dos negócios é a internacionalização de restaurantes e franquias (5), com redes de churrascarias, cafeterias e fast-food brasileiros podendo conquistar consumidores globais. Temos, ainda a exportação de serviços (6), como startups de tecnologia agrícola, consultorias, serviços de advocacia, de comunicação, soluções logísticas e ambientais, que levam inovação e eficiência para produtores e empresas em diversos países, além do recebimento de royalties.
Por fim, o agro exporta insumos (7) e equipamentos agrícolas (8). Fertilizantes, defensivos químicos, insumos biológicos, vacinas e insumos veterinários são essenciais para a segurança alimentar e de animais de companhia; enquanto máquinas, bens de capital e tecnologias como drones, robôs e softwares impulsionam o agronegócio de diversos países a se tornarem cada vez mais tecnificados.
O futuro das exportações do agro brasileiro é repleto de oportunidades, e a diversificação destas demonstra a capacidade do setor de se adaptar às demandas globais. Aos poucos, o agro vai se tornando também um fornecedor estratégico de serviços, tecnologias, equipamentos, franquias e muito mais. Agregação de valor que cria oportunidades e desenvolvimento aos brasileiros, além de trazer mais recursos ao país.
Marcos Fava Neves é professor Titular (em tempo parcial) da Faculdades de Administração da USP (Ribeirão Preto – SP) e fundador da Harven Agribusiness School (Ribeirão Preto – SP). É especialista em Planejamento Estratégico do Agronegócio. Confira textos e outros materiais em harvenschool.com e veja os vídeos no Youtube (Marcos Fava Neves). Agradecimentos a Vinícius Cambaúva e Rafael Rosalino.