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De alimentos a energia renovável, análises sobre o agronegócio
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A importância do cooperativismo no agro brasileiro

Conheça o sistema que congrega mais de 1 milhão de produtores no país

Por Marcos Fava Neves Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 6 set 2024, 15h53

O cooperativismo tem sido uma força fundamental para o desenvolvimento do agronegócio mundial e brasileiro. Esse modelo de organização reúne produtores em torno de objetivos comuns e representa uma estratégia coletiva para gerar e distribuir renda, melhorar o acesso a tecnologias, redução de custos e promover o desenvolvimento social no campo. As primeiras cooperativas surgiram no Brasil no final do século XIX, com a fundação da Cooperativa Econômica dos Funcionários Públicos de Ouro Preto (MG), inspiradas no movimento cooperativista que já existia na Europa, especialmente no Reino Unido, onde o modelo se desenvolveu com a criação da primeira cooperativa moderna em Rochdale, em 1844. Hoje, o modelo cooperativista brasileiro é exemplo em vários setores, especialmente no agronegócio.

O cooperativismo agrícola oferece diversas vantagens aos produtores, como: 1) o acesso facilitado a insumos de qualidade e tecnologias avançadas, aumentando a produtividade e eficiência; 2) comercialização mais eficiente dos seus produtos, garantindo melhores preços e sem depender de intermediários; 3) assistência técnica especializada; 4) redução de custos por meio de compras coletivas; 5) fortalecimento das comunidades rurais, estimulando o desenvolvimento econômico e social, gerando emprego e renda; entre outras.

Em 2023, o país contava com 1.179 cooperativas agropecuárias, mais de 1 milhão de cooperados e quase 260 mil empregos diretos. As cooperativas estão distribuídas em segmentos: a) insumos e bens de fornecimento (66,6%); b) produtos não industrializados de origem vegetal (58,0%) e animal (33,5%); c) serviços (32,8%); d) produtos industrializados de origem vegetal (27,4%) e animal (17,4%); e e) escolas técnicas de produção rural (2,2%). No aspecto financeiro, o cooperativismo agro gerou receitas de R$ 423,2 bilhões em 2023, com ativos totais de R$274,2 bilhões e capital social de R$ 23,6 bilhões. As sobras do exercício somaram R$ 20,5 bilhões, com um investimento significativo de R$ 11,7 bilhões em salários e benefícios aos seus funcionários. Os dados são do Anuário Coop 2024, liderado pelo Sistema OCB (Organização das Cooperativas Brasileiras), que desempenha um papel essencial no fortalecimento do modelo. Visite o site e conheça mais: somoscooperativismo.coop.br.

As principais cooperativas do Brasil apresentam receitas impressionantes, refletindo seu impacto significativo no setor. O ranking, segundo dados da Forbes Agro, é composto por: Copersucar (1ª), que lidera o ranking com uma receita de R$ 70 bilhões, seguida pela Coamo (2ª) com R$ 26,07 bilhões e C. Vale (3ª) com R$ 22,44 bilhões, fechando o pódio. A Lar Cooperativa (4ª) e a Aurora (5ª) também se destacam com receitas expressivas de R$ 21,07 bilhões e R$ 20,41 bilhões, fechando o Top-5 da lista. Outras cooperativas da lista são a Comigo (6ª) com R$ 15,32 bilhões, Cocamar (7ª) com R$ 10,32 bilhões, Cooxupe (8ª) com R$ 10,11 bilhões, Coopercitrus (9ª) com R$ 9,03 bilhões e, por fim, a Cooperalfa (10ª) com R$ 8,41 bilhões. Esses números ilustram a força das operações dessas instituições no panorama do agro brasileiro.

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Olhando para o futuro do cooperativismo, existem desafios importantes, incluindo a internacionalização das organizações sem perder sua essência cooperativa, e a necessidade de encontrar formas viáveis de capitalização para sustentar o crescimento sustentável e a eficiência. Atrelado a esse fator financeiro, o esforço para a constante modernização de práticas de gestão e de novas tecnologias dos produtores é maior quando comparado com organizações não cooperativistas. Portanto, o avanço tecnológico e a integração de práticas de governança são tendências que devem seguir fortes para o futuro do cooperativismo. Além disso, tendências do agro em geral, como desenvolvimento de tecnologias de inteligência artificial e análise de dados, além de práticas socioambientais visando a maior sustentabilidade dos produtos agropecuários são aplicáveis para dentro do contexto cooperativista. Esses são os principais desafios e tendências que as cooperativas devem se atentar para o fortalecimento e a modernização constante do setor, e assim continuar propagando o exemplar legado do sistema cooperativista brasileiro em todo mundo.

Marcos Fava Neves é professor Titular (em tempo parcial) da Faculdades de Administração da USP (Ribeirão Preto – SP) e fundador da Harven Agribusiness School (Ribeirão Preto – SP). É especialista em Planejamento Estratégico do Agronegócio. Confira textos e outros materiais em harvenschool.com e veja os vídeos no Youtube (Marcos Fava Neves). Agradecimentos a Vinícius Cambaúva e Rafael Rosalino.

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