PRORROGAMOS! Assine a partir de 1,50/semana
Imagem Blog

Maílson da Nóbrega

Por Coluna Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Blog do economista Maílson da Nóbrega: política, economia e história
Continua após publicidade

PT: o desafio da modernização

É preciso mirar-se na evolução da esquerda europeia

Por Maílson da Nóbrega 10 nov 2024, 08h00

“Foram dois anos de sabotagem do bolsonarista Campos Neto, a serviço de quem o colocou lá.” Assim falou a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, em uma de suas diatribes contra o atual presidente do Banco Central (BC). É provável que não seja maldade, mas pura desinformação, o que pode gerar crenças em ideias econômicas equivocadas. O PT tem mostrado que pensa como sua líder. Desde que nasceu (1980), professa visões anticapitalistas. Acusa o BC de estar a serviço de bancos. Acredita que o gasto público é a fonte básica do crescimento (é a produtividade!). “Gasto é vida”, disse a ex-presidente Dilma Rousseff.

O PT poderia estudar com interesse a evolução do pensamento dos partidos de esquerda europeus. No seu início, entre o fim do século XIX e o começo do século XX, eles defendiam a ditadura do proletariado e o controle estatal dos meios de produção. Começando na Alemanha, essas agremiações passaram a buscar o poder pelo voto e não por uma revolução comunista como a de 1917, que criou a União Soviética. Uns poucos partidos incluíram nos seus estatutos o objetivo de estatização total. Foram os casos de facções da Espanha e do Reino Unido. No pós-­guerra, as transformações econômicas e sociais da Europa, na esteira dos Trinta Anos Gloriosos, criaram o ambiente favorável à revisão das propostas e dos dogmas econômicos da esquerda. Uma delas foi o crescimento do setor serviços e a correspondente queda da participação do contingente de trabalhadores da indústria na força de trabalho, que eram a base de votos dos partidos de esquerda. Com o tempo e muitos debates internos, a nova realidade se impôs. A esquerda modernizou o pensamento econômico e consagrou, em seu ideário, a democracia e a economia de mercado sob regulação do Estado.

“O resultado das eleições mostra que o partido precisa renovar as lideranças e as ideias econômicas”

Na Espanha e na Grã-Bretanha, houve a influência de dois outros fatores. Na Espanha, a motivação foi o projeto de ingresso no Mercado Comum Europeu (atual União Europeia), a que se candidatara, que poderia torná-la um país rico. Havia que aprovar duras reformas para assegurar a estabilidade macroeconômica e o crescimento da produtividade. Na Grã-­Bretanha, quatro derrotas consecutivas mantiveram os trabalhistas fora do poder por dezoito anos. Em ambos os países, a ascensão política implicava conquistar votos no eleitorado de centro. Líderes excepcionais — Felipe González, na Espanha, e Tony Blair, no Reino Unido — convenceram seus partidos a aceitar a revisão estatutária, chegaram ao poder, promoveram reformas, incluindo privatizações, e presidiram períodos de prosperidade.

O PT não se saiu muito bem nas eleições municipais. Isso pode sugerir que precisa renovar suas lideranças e abandonar ideias econômicas carcomidas. Nas cidades em que 40% dos eleitores são beneficiários do Bolsa Família — que eram fontes seguras de votos — o partido não elegeu um só prefeito. Pesquisas indicam que antigos apoiadores almejam empreender ou ter um emprego formal, e não depender do apoio direto do Estado.

Publicado em VEJA de 8 de novembro de 2024, edição nº 2918

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

Apenas 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (a partir de R$ 8,90 por revista)

a partir de 35,60/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.