Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana
Imagem Blog

Maílson da Nóbrega

Por Coluna Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Blog do economista Maílson da Nóbrega: política, economia e história
Continua após publicidade

Os erros de Lula sobre o Banco Central

Dificilmente o próximo presidente do BC se curvará aos seus desejos

Por Maílson da Nóbrega 1 jul 2024, 18h39

Nos seus ataques ao Banco Central (BC), o presidente Lula tem demonstrado enorme desinformação sobre as razões de sua independência. Muitos interpretam que seu objetivo seria torná-lo um bode expiatório para o caso de eventual fracasso no cumprimento suas promessas de crescimento da economia. Se essa for a estratégia, tem tudo para dar errado.

Ele voltou ao tema em entrevista nesta segunda-feira, 1º. Seu primeiro erro foi afirmar que autonomia do BC é uma reivindicação do “mercado”. Na verdade, isso decorre da necessidade de separar a execução das políticas monetária e fiscal. A independência “protege” os governantes da tentação de usar o BC para impulsionar sua popularidade. A redução forçada da taxa básica de juros, como Lula almeja, gera incertezas e fuga de capitais, o que provoca depreciação da moeda e elevação de preços. O efeito é o contrário: alta de inflação e perda de popularidade.

Em seguida, Lula disse que o presidente da República deve ter a prerrogativa de mudar o chefe do BC. Criticou o fato de o atual presidente do BC, Roberto Campos Neto, ter sido nomeado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Para ele, o BC tem que ser indicado por quem é eleito. “Como é que pode um presidente da República ganhar as eleições e depois não poder indicar o presidente do Banco Central?”, indagou. “Eu estou há dois anos com o presidente do Banco Central do Bolsonaro. Então, não é correto”, protestou.

Na verdade, um requisito essencial para a independência do BC é a não coincidência dos mandatos do presidente da instituição e do chefe do governo. É assim em todos os países que têm banco central independente. O presidente americano Joe Biden esperou dois anos para decidir se mantinha ou substituía o presidente do Federal Reserve, o banco central americano, que havia sido nomeado por seu antecessor, Donald Trump. Decidiu manter Jerome Powell.

Lula voltou também a criticar a manutenção da taxa de juros em 10,5%. “O que você não pode é ter um banco central que não está combinando adequadamente com aquilo que é o desejo da nação. Nós não precisamos ter política de juro alto neste momento”. Não se conhece pesquisa que prove a existência desse desejo nem Lula jamais demonstrou possuir habilidades técnicas no campo da política monetária. A não ser que se baseie em ideias do PT, que tem sido contra os níveis da taxa Selic, mesmo quando ele assistiu, sem reclamar, à sua forte elevação no início do primeiro mandato.

Continua após a publicidade

O presidente tem afirmado que a inflação baixa é sua “obsessão”. Ocorre que, se pudesse ter baixado a taxa Selic, a decisão provocaria um desequilíbrio macroeconômico, cuja consequência seria desancorar as expectativas dos agentes econômicos e acarretar alta da inflação. É exatamente isso que ocorreu quando a ex-presidente Dilma Rousseff forçou o BC, à época não independente, a baixar a taxa de juros básicos, quando a conjuntura econômica aconselhava sua elevação.

Lula concluiu afirmando que esperava conseguir, “com a maior autonomia possível e decência política das pessoas, ter um presidente do Banco Central que olhe o Brasil como ele é e não do jeito que o sistema financeiro fala”. Tudo indica, felizmente, a julgar como votaram seus indicados na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que o BC continuará adotando decisões técnicas, no exercício de sua função básica de cumprir as metas de inflação, independentemente do que pensa o presidente sobre a taxa Selic. É isso que interessa ao país.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (menos de R$10 por revista)

a partir de 39,96/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.